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Análise | Resident Evil 2

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Análise | Resident Evil 2

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Resident Evil 2 é o remake, a reimaginação do clássico game da Capcom lançado em 1998. Anunciado, na verdade apenas confirmado em agosto de 2015, sem ainda nenhum material para ser mostrado, o jogo causou a euforia dos gamers da velha geração sedentos por um survival horror de primeira classe.

Com o projeto guardado a sete chaves a Capcom manteve o quanto de segredo quis e nos deixou sem muitas novidades até a E3 de 2018 quando mostrou que tanto tempo e trabalho iriam valer a pena, nos agraciou com alguns minutos de gameplay e uma data de lançamento. O público foi à loucura, os fãs caíram de suas cadeiras e todos tinham um dia marcado na sua agenda para reviver o terror em Raccoon City: 25 de janeiro de 2019. As expectativas eram as maiores, mas será que a Capcom correspondeu? A Torre de Controle conta tudo o que precisa saber sobre Resident Evil 2.

Primeiro, tem remake no nome ou não? Bom, o jogo não leva essa nomenclatura em seu título, como os próprios produtores disseram, é Resident Evil 2, mas não exatamente aquele, teremos os personagens retrabalhados, com mais profundidade, até aqueles menos importantes na história, um cenário revitalizado, novas áreas, puzzles novos ou modificados, e a promessa de mais profundidade no enredo e lacunas sendo preenchidas.

E foi basicamente isso que foi entregue, quando jogamos Resident Evil 2 sentimos aquela sensação; “Olha eu já vi isso, eu lembro daquilo, nossa como ali está bonito”. O jogo traz muita nostalgia, mas é novo, não ache que você por ter jogado o antigo game terá facilidade para completar o novo. O novo jogo tem cerca de 20 horas de duração, 4x mais que o original, ou seja, muito conteúdo adicional.

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Uma coisa muito importante prometida pela Capcom é que o novo jogo não iria alterar a linha temporal dos games, portanto, seriam preenchidas algumas lacunas e a história ficaria mais bem trabalhada, porém, tudo dentro da cronologia canônica dos jogos. E ai a produtora acabou derrapando.

Temos alguns pontos incoerentes com a história original durante o gameplay, encontros que nunca aconteceram ou que deixaram de acontecer, problemas sendo resolvidos de formas bem diferentes. Nem todos se incomodaram, alguns novos jogadores nem perceberam, mas muita gente notou e não gostou, principalmente porque recebemos a promessa de que isso não aconteceria.

A história de Resident Evil 2 se passa em 1998, precisamente na noite de 29 de setembro, em Raccoon City, dois meses após os acontecimentos de Resident Evil 1, onde o G-vírus, modificação do T-vírus que não foi contido na mansão Arklay, se espalhou pela cidade. Os protagonistas são Leon Kennedy e Claire Redfield, que vão em direção à cidade sem saber o que está acontecendo por lá. Leon ia para o seu primeiro dia de trabalho na R.P.D, polícia da cidade, enquanto Claire está em busca de seu desaparecido irmão, Chris Redfield, protagonista do primeiro jogo.

Nossa principal missão é sobreviver ao caos que se tornou a cidade e descobrir o que levou a esses acontecimentos. Além desses ainda temos mais dois personagens jogáveis durante a campanha, Ada Wong, uma misteriosa mulher que ajuda Leon e a pequena Sherry Birkin, filha dos criadores do G-vírus, que aparece durante a campanha de Claire.


Assim como no original podemos escolher por qual campanha vamos começar, Leon ou Claire. Os acontecimentos são paralelos e as histórias se complementam. Então não se preocupe com qual dos dois começar. A proposito, aqui temos um deslize. O inicio de campanha dos dois é bem semelhante, até nos puzzles. As coisas começam a variar mais após encontrarmos Ada, jogando com Leon e Sherry jogando com Claire, e mesmo para frente às semelhanças são grandes, o que não chega a ser enjoativo, mas as coisas podiam ser realmente diferentes, o que até acontece quando completamos a história pela primeira vez.

É liberada a opção segunda jornada, onde vemos o que acontece com Claire enquanto estamos jogando com Leon e vice e versa. A Capcom nos faz completar o jogo duas vezes, uma com cada protagonista, para liberarmos as duas campanhas da segunda jornada, o que não é exatamente ruim. Resident Evil é um jogo muito envolvente que te dá vontade de joga-lo varias vezes. Porém fica a sensação de que a desenvolvedora poderia ter trabalhado em apenas duas campanhas realmente diferentes e que iam se completando e se cruzando de uma forma mais natural.

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A dublagem do jogo vem apenas com áudio original em inglês. Uma ótima dublagem, com vozes combinando com os personagens e o som que os zumbis fazem é aterrorizante, mas todo game é legendado em português, inclusive itens e documentos que coletamos durante a jornada.

O clima do jogo é tenso a todo momento, você chega a se contrair de nervoso em algumas partes, se sente “desconfortável” de um ponto de vista bom, com a escuridão, com os sons de passos, gemidos, portas batendo, tudo pensado e executado para que o jogador sinta medo e tensão desde os primeiros momentos até o subir dos créditos.

Quem já jogou Resident Evil ou algum survival horror sabe como funciona, o gameplay consiste em sobreviver ao ambiente hostil ao nosso redor, sofremos com uma grande escassez de suprimentos e precisamos administrar bem como usamos nossa munição e nossos itens de cura. Vamos ir e voltar pelos mesmos lugares muitas vezes, coletando itens e resolvendo puzzles até conseguir seguir em frente e revelar novas áreas e novos desafios.

Dessa vez os personagens reagem ao cenário, podem ver uma cena nojenta e fazer um comentário, a inexperiência de Leon, por exemplo, faz com que ele fale sozinho para se incentivar às vezes, tomar coragem. As expressões faciais dos humanos no game estão ótimas, mas os zumbis estão realmente lindos, se é que podemos dizer isso de zumbis. Vê-los se despedaçando é maravilhoso, eles perdem mão, braço, pés, perna. Você pode abri-los ao meio, ver seu rosto sendo deformado pelos tiros e seus corpos ficam lá estirados e sem pedaço quando você os mata, quando consegue essa proeza. A violência gráfica do jogo é alta e pode causar até um leve desconforto para pessoas com estômago mais fraco.

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Os cenários do jogo são belíssimos, a iluminação, as sombras e as texturas dos objetos. A Capcom foi muito atenciosa aos detalhes para que tenhamos a maior imersão possível. O desempenho do jogo é ótimo. Por estarmos quase sempre em ambientes fechados ou corredores o game não sofre com o hoje comum delay de renderização.

Depois do load inicial, o jogo troca de cenários sem precisar de um novo carregamento, o que faz todo o seu gameplay ser muito dinâmico e fluido. Passamos boa parte do jogo na delegacia da cidade, que está com um capricho notável, lembrando que a delegacia costumava ser um museu, por isso sua aparência pomposa e repleta de obras de arte.

Porém, dessa vez também fazemos uma pequena excursão pelas ruas de Raccoon City, além de passarmos pelo nojento e aterrorizante esgoto cheio de restos de corpos e toda sujeira nojenta que puder imaginar; um laboratório subterrâneo da Umbrella Corporation. Na verdade um complexo rico em detalhes, repleto de salas, laboratórios onde eram realizados experimentos com o vírus e por fim uma área completamente nova no game: um orfanato bem puxado para aqueles de filmes de terror dos anos 80.

Sobre os sons e trilha sonora. Primeiro vai um conselho, jogue com fone de ouvido, nem que seja o de celular. É horripilante você estar caminhando pelos cenários e ouvir um zumbi fazendo barulho ou se arrastando e procurar de onde ele está vindo sem ter certeza. Ouvir os passos do Tirante ou Mr. X se aproximando pode dar um completo desespero, uma sensação de pressa de sair de onde você está. Aliás, é importante destacar o quão bem feito, irritante e assustador é o nosso perseguidor. Alguns dos momentos mais desesperadores do game são com as aparições do Tirante. 

Se os cenários foram feitos pra nos ajudar na imersão, toda a parte de efeito sonoros completa com perfeição a ideia de nos colocar dentro do jogo e ajuda a criar o clima apavorante de Resident Evil 2 e causar cada susto deixando o jogador impressionado e apaixonado pela atmosfera de terror. A trilha sonora é em boa parte ausente, como tem que ser em um survival horror. A ideia é que os sons a nossa volta e a ausência de música crie o ambiente assustador. Quando temos músicas elas estão muito boas e combinando com os momentos e temos um dos pontos altos do jogo nesse quesito.

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A movimentação esta ótima, foi completamente revitalizada. Podemos andar, correr, andar e atirar ao mesmo tempo, dar uma meia volta para escapar de inimigos. Temos controle total sobre a mira, podendo atirar nas pernas, cabeça ou onde quisermos. Com a câmera posicionada nos ombros, assim como o revolucionário Resident Evil 4, a movimentação também lembra a do game, claro com tudo muito mais polido e natural.

A dificuldade do jogo é boa, alta na maior parte do tempo. Os puzzles foram renovados, são diferentes e em boa quantidade, quem tem prática em survival horror vai ter mais facilidade em resolver os enigmas. O mapa traz uma novidade interessante, cada cômodo que você explora é marcado com uma cor, se você já fez e coletou tudo o que tinha ali ele é marcado em azul no mapa, se ainda tem algo para fazer ali fica vermelho, isso ajuda a se concentrar nas áreas importantes caso fique perdido. As maquinas de save estão de volta, porém apenas no modo “hard” precisamos do “ink ribbon”, no modo fácil e normal podemos salvar livremente. Além disso, existem saves automáticos em determinados locais.

 A inteligência artificial dos inimigos é boa. Devemos considerar que zumbis são burros, pelo menos em tese, afinal ainda não temos uma espécie para observar e poder se basear, mas mesmo apenas querendo te devorar, por vezes eles se fingem de “morto?” e atacam repentinamente, surram portas até entrar, quebram janelas e atacam em bando dificultando sua vida. Por vezes você terá um ou dois lickers, alguns zumbis e mais o Mr. X te perseguindo. Como sair dessa vivo sem acabar com seu pequeno estoque de munição? Tarefa complicada e que deixa o jogador amedrontado. Uma coisa que pode causar incomodo é a incrível resistência que os zumbis têm ao serem baleados, pode ser necessário mais de dez tiros na cabeça para realmente mata-los. Muitas vezes não vale a pena tentar acabar com eles. Usar da estratégia para derruba-los ou apenas desviar é importante devido a dificuldade em encontrar munição durante o jogo.

Resident Evil 2 expande em tudo o jogo original e é aquilo que os fãs da série e de games de survival horror querem há muitos anos: um jogo repleto de puzzles, com boa história, apesar de trazer algumas inconsistências com o original, e que traz a sensação de que estamos correndo risco a todo tempo. Momentos assustadores, os bem vindos “jumpscares” e um clima de terror constante com uma engine gráfica atual. 

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O sucesso do game é a junção da formula do gameplay dos primeiros jogos da franquia, elementos importantes de Resident Evil 4 como a câmera sob os ombros,  a utilização do motor gráfico ainda mais polido de Resident Evil 7 e um pouco de ação de Resident 5 e 6 mas dessa vez na medida certa e um retrabalho impecável dos cenários de game original. Todos esses elementos juntos, adicionado ao clima aterrorizante durante toda a jornada e um estilo de gameplay clássico, mas adaptado ao mercado atual faz o remake de Resident Evil 2 ser um dos melhores já feitos e valer a pena ser jogado várias e várias vezes. Ainda de quebra ajuda a Capcom afidelizar jogadores antigos, chamar muita atenção de possíveis novos fãs e nos deixar na expectativa pelo que vem adiante para essa que é umas franquias mais queridas e de maior sucesso da história dos games.

Resident Evil 2 está disponível para Xbox One, PS4 e PC. Esse review foi elaborado com uma cópia de Xbox One cedida pela Capcom

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