Especial | 5 games indies de terror que merecem o seu tempo

Não existe época do ano mais propícia para celebrar obras de terror do que este final de outubro, embalado pelas festividades do Halloween. O medo do desconhecido nos fascina, e por mais que seja desconfortável levar sustos e ficar num ambiente de tensão por várias horas, nós ainda gostamos de experimentar essa sensação de frio na espinha, coração acelerado e atmosfera tenebrosa através de filmes e principalmente jogos de terror.

Temos a nossa disposição muitas opções de jogos com a temática de terror, mas algumas vezes deixamos passar algumas pérolas, geralmente por terem sido feitos por pequenos estúdios – as vezes por uma única pessoa – que não tem o recurso necessário para investir na divulgação de seu produto, apesar da imensa qualidade. Para que você possa aproveitar as melhores experiências dessa maravilhosa mídia, listamos abaixo alguns exemplos que são obrigatórios para fãs do gênero de terror, e que talvez tenham passado despercebidos pelo seu radar. Não são jogos tão recentes, então todos são fáceis de comprar por preços baixos, o que deixa ainda mais fácil mergulhar neles.

 

Amnesia: The Dark Descent 

Não podemos falar de jogos indie de terror sem mencionar Amnesia: The Dark Descent, talvez o melhor exemplo de terror psicológico desta lista. Com forte influência da obra de H.P. Lovecraft, o jogo do estúdio Frictional Games lida muito com a questão da sanidade mental do protagonista. Ao invés de focar em combate, o jogo incentiva a fugir e evitar os monstros a qualquer custo, sob pena de enlouquecer com a simples visão das criaturas.

Com uma atmosfera sempre opressiva, ambientes escuros, efeitos de áudio competentes e puzzles interessantes, Amnesia vai te conduzindo por um castelo habitado por várias criaturas malignas enquanto Daniel (o protagonista), que está com amnesia e não se lembra de como foi parar ali, vai tentando descobrir uma forma de sair vivo daquele lugar. Ao longo da jornada ele vai tendo flashbacks e recuperando aos poucos sua memória, o que ajuda a contar a história do que aconteceu antes dele se achar desacordado naquele lugar maldito.

Quanto mais tempo ele passa no escuro, mais vai perdendo sua sanidade, que tem efeitos visíveis sobre o gameplay, como deixar a visão turva, respiração difícil, dificuldade de locomoção, etc. Olhar diretamente para os monstros tem efeito ainda pior, e caso o jogador insista em continuar encarando, Daniel perde o controle e isso faz com que ele seja encontrado e morto.

Muito mais do que apenas sustos, Amnesia sustenta a tensão em todo o tempo, o que pode parecer cansativo para alguns, mas ao mesmo tempo instigante, o que faz dele uma das melhores experiências de terror que já tive até hoje, a qual recomendo fortemente.

Amnesia: The Dark Descent é um jogo com perspectiva em primeira pessoa e está disponível para PlayStation 4, Xbox One, Microsoft Windows, Mac OS e Linux.

 

Lone Survivor

Lone Survivor é, como o nome já sugere, um survival horror, ou terror de sobrevivência, desenvolvido por uma pessoa, Jasper Byrne, e publicado pela Superflat Games e Curve Studios (na versão Director’s cut). Seu protagonista mascarado se encontra em um mundo devastado pelo que parece ser um apocalipse biológico, que transformou a população em mutantes extremamente agressivos e atraídos por qualquer luz ou barulho.

O objetivo principal é atender às necessidades básicas do personagem, como comida e sono. Para encontrar itens essenciais, é necessário sair e explorar o condomínio onde ele se encontra, o qual está infestado de mutantes. Existem armas capazes de matar os monstros, mas a munição é rara e escassa, assim como quaisquer outros itens, forçando o jogador a racionar, se aproveitar de mecânicas de furtividade para evitar confronto direto e ir ganhando espaço e coletando itens em suas jornadas cada vez mais perigosas.

A sanidade mental também é um tema muito explorado neste jogo, onde suas ações definem se o personagem conseguirá se manter lúcido ou se irá enlouquecer. Muitas situações no jogo dão a entender que são alucinações do personagem, dificultando definir se o que está acontecendo é real ou fruto da mente enfraquecida do protagonista.

O jogo possui vários finais diferentes, sendo suas ações determinantes sobre qual deles você verá como conclusão da história. Além disso, as próprias situações que ocorrem no decorrer do jogo dão margem a várias interpretações, e o autor nunca explicou o enredo totalmente, fazendo questão de deixar que cada um tire suas próprias conclusões.

Lone Survivor é um jogo com perspectiva 2D, gráficos em pixel art e está disponível para Microsoft Windows, Mac OS X, Linux, Playstation 3, Playstation Vita , Playstation 4 e Wii U.

 

Neverending Nightmares

Idealizado por Matt Gilgenbach e publicado pela Infinitap Games, Neverending Nightmares é um jogo inspirado pelos problemas do autor com transtorno obsessivo-compulsivo e depressão, sendo projetado para passar o sentimento de desolação e desesperança.

Thomas, o protagonista, está sempre transitando entre pesadelos, atravessando cenários que vão desde uma casa até a um hospício, todos ambientes cheios de seres medonhos e extremamente agressivos. As imagens vão do pânico ao gore, com visual praticamente preto-e-branco com uso bem acertado do vermelho-sangue em momentos chave.

Um destaque especial vai para a arte do jogo, com traços de desenho manual, e os efeitos de áudio bem intensos, que são melhor aproveitados com fones de ouvido. O enredo é interpretativo também, e talvez não deva ser explicado de forma linear, já que a intenção é transmitir sentimentos mais do que contar uma história.

Há vários finais diferentes também, que são atingidos com base nos caminhos escolhidos pelo jogador. Em versões mais recentes do jogo foi facilitada a visualização das bifurcações que podem levar a finais diferentes, ajudando no processo de rejogabilidade. Por ser um jogo de curta duração, vale a pena experimentar as várias possibilidades e ver os finais diferentes.

Neverending Nightmares é um jogo com perspectiva 2D e está disponível para Microsoft Windows, Mac OS X, Linux, PlayStation 4, PlayStation Vita, Ouya, iOS e Android.

 

Outlast

Desenvolvido e publicado pela Red Barrels, empresa fundada por veteranos da indústria, Outlast é um jogo mais realista, ambientado em um hospício, onde um jornalista recebe uma dica de um informante e vai até lá para fazer uma investigação, mas acaba preso no local, tendo que enfrentar os internos violentos e algumas entidades estranhas e aparentemente sobrenaturais.

Muitos ambientes são escuros, o que obrigam o uso de uma câmera como modo de visão noturna, que gasta pilhas na medida que é utilizada, fazendo-se necessário coletar mais pilhas pelo cenário, dando um tom de sobrevivência ao jogo. Esta mecânica torna as coisas mais interessantes, e foi algo bem explorado em minha opinião.

Explorar os corredores e salas do hospício temendo que a cada passo um ataque te espera faz tudo parecer mais angustiante. O cenário de um hospício já é algo que me fascina e parece ser perfeito para uma história de terror, recheada de adrenalina.

Aqui também o protagonista não tem muito o que fazer para combater os inimigos, pois está sem armas, então o que pode fazer é se esquivar e fugir. Essa decisão de negar ao jogador ferramentas de ataque contribui para aumentar a tensão e aumenta a sensação de que se está completamente indefeso em meio a um mundo brutal.

Outlast é um jogo com perspectiva em primeira pessoa e está disponível para Microsoft Windows, Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch.

 

Five Nights at Freddy’s

Desenvolvido por Scott Cawthon, Five Nights at Freddy’s é uma ótima releitura do gênero de survival horror. O jogador é um vigia contratado para cuidar de uma pizzaria por 5 noites. O que ele não sabe é que os animatrônicos que são a atração do local ganha vida e tentam chegar até o vigia para o colocar em sua fantasia – ignorando o fato de que, fazendo isso, o acabam matando.

É necessário acompanhar os movimentos dos robôs pelo sistema de câmeras, tentando atrasar seus movimentos e evitar que entrem na sala de controle até que a noite termine. Tanto as câmeras como os demais itens usados para defesa gastam recursos como energia, que são limitados e dão o tom de sobrevivência ao jogo.

Aproveitando-se de um clima de paranóia – aquela paranóia do tipo “eu posso jurar que vi aquilo ali se mexendo”- o jogo tem um tom tão pesado quanto os outros já citados neste artigo, aqui eu considero a tensão pra um lado de certo modo cômico, uma corrida contra o tempo, enfrentando a escassez de recursos enquanto se observa o avanço daqueles seres pitorescos.

Apesar de menos sério, é um jogo que abusa dos jump scares – ou sustos repentinos – fazendo o coração saltar pela boca em diversos momentos. É uma experiência divertida e instigante, que te deixa querendo jogar cada vez melhor para conseguir sobreviver até a última noite.

Five Nights at Freddy’s é um jogo com perspectiva em primeira pessoa e está disponível para Microsoft Windows, iOS e Android.

E assim encerramos nossa pequena lista de recomendações. Caso não tenha jogado algum desses jogos – ou não tenha conseguido terminar por qualquer motivo (não se preocupe, não vamos te julgar!), aproveite esta semana, que nos presenteia com um feriado e várias promoções, e mergulhe fundo nessas fantásticas experiências. E se já jogou, talvez valha a pena revisitar e se martirizar um pouco mais, afinal é pra isso que estamos aqui 😉