Crítica | Capitã Marvel – Voando para o futuro
A Marvel Studios completou em 2018, 10 anos de existência. São mais de 20 filmes de um universo compartilhado que se conecta de forma bem feita e natural, onde acertos são muito mais frequentes de que erros. Ao longo desses 10 anos a formulá Marvel de se trazer heróis aos cinemas brilhou e nós proporcionou diversos momentos importantes dentro e fora das telas. Ano passado, Pantera Negra entrou pra história com seu elenco de praticamente só atores negros, com uma trama política bem construída e carregada de representatividade. Em 2019, em uma proposta tão importante e representativa quanto, era a vez da primeira heroina da Marvel a ganhar um filme solo, e Carol Denvers, a Capitã Marvel foi escolhida para isso. A formula funcionou mais uma vez?
A história do filme acontece no ano de 1995 e se inicia em Hala, planeta da poderosa Raça Kree, que vive um grande conflito com os Skrulls, alienígenas que possuem a capacidade de assumir outras formas. O longa serve de introdução à personagem, que de algum modo chegou a Terra e não sabe bem sobre sua real identidade e o que aconteceu em seu passado.
A trama funciona em formas de Flashbacks na mente da protagonista, que aos poucos vai descobrindo o significado de suas lembranças. O ritmo é bom, alternando entre momentos de ação e calmaria. Samuel L. Jackson dá outra abordagem ao seu personagem, menos sério e mais divertido. Muitos vão estranhar, mas ele acerta o tom na maior parte do filme, sendo o responsável pela maioria das cenas cômicas junto com o gatinho Goose. O grande problema fica no fim do segundo ato do longa, que começa muito bem, mas arrasta mais do que o necessário, sendo bem cansativo. Exaustão que também é vista em algumas piadas que se repetem no filme, dando a impressão de que faltou criatividade. A jornada pessoal de Vers é bem construída e fica bem nítido que Brie Larson achou o tom da personagem durante as filmagens. A personagem é bem construída no decorrer da trama, e no final o saldo é positivo. Referências ao universo Marvel estão em todo canto e algumas com certeza vão causar comoção no espectador. O filme também conta com a participação do querido Agente Coulson (Clark Gregg) rosto frequente na Fase 1 do MCU, que teve sua ultima participação ainda no primeiro Vingadores, mas que ainda pode ser visto no seriado de TV Agents Of Shield.
Se a construção da protagonista é boa, o mesmo não pode ser dito pelo restante dos personagens. A maioria dos coadjuvantes não funciona e nenhum deles se destaca, sendo completamente esquecíveis. O vilão do filme cumpre o básico, mas de forma pobre e desinteressante, o que é uma pena. Outro ponto que deixa muito a desejar são as cenas de ação do filme, genéricas e sem personalidade nenhuma. Algo grave, vindo do mesmo estúdio que nos deu filmes como Capitão América 2: Soldado Invernal e Vingadores: Guerra Infinita. O trabalho dos Irmãos Russo deveria ser referência máxima dentro da Marvel Studios. Mas ainda assim, as cenas onde podemos ver a Capitã usando suas habilidades ao máximo são bem legais, mostrando que ela será um páreo duro para Thanos no futuro.
Outro deslize grave é a ambientação. Em nenhum momento o feeling dos anos 90 tem sentido no filme, que mesmo colocando referências a várias coisas da época, como fliperamas e até a demora de se conectar a internet discada, acaba fazendo isso de forma jogada. Assim como a trilha sonora do filme, que apesar de ter boas musicas, não conseguem se encaixar bem com as cenas que são inseridas. Algo que Guardiões Da Galáxia faz muito bem, mas em Capitã Marvel não acrescenta em nada.
Conclusão
Capitã Marvel tem muitos problemas, mas alguns deles tem sua origem na própria formula Marvel que, apesar de boa, precisa de novos ingredientes para continuar dando certo. O filme tem seus deslizes, mas tem bons momentos que fazem a ida no cinema valer a pena. Capitã Marvel é um filme importante e cheio de significado, com uma mensagem muito bonita. A personagem com toda certeza tem um futuro promissor pela frente no MCU, sendo certamente um dos novos pilares que vão sustentar o futuro do universo Marvel nas telonas.