Estudo recente desmistifica relação de games com agressividade
A equipe da Torre de Controle, assim como toda sociedade, está comovida com o atentado ocorrido em Suzano. E como veículo de divulgação e usuários de videogames, é importante ajudarmos na desmistificação de que jogos eletrônicos podem ser causadores de atitudes como essa.
Uma parcela da imprensa, supostos estudos e até políticos tem tentado relacionar o que aconteceu com a possibilidade dos criminosos jogarem videogames, mesmo que parte da investigação já tenha localizado os autores pedindo dicas para realizar o atentado e que o tem planejado por cerca de um ano, evidenciando que tudo foi premeditado e não um impulso violento causado por qualquer coisa.
Coincidentemente, há um mês, um longo e complexo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Oxford, publicado pela The Royal Society, e escrita por Andrew K. Przybylski e Netta Weinstein, que pode ser conferida na integra aqui, mostra que não é possível relacionar qualquer tipo de comportamento violento com o fato de alguém ser usuário de jogos eletrônicos, inclusive com temáticas violentas.
A pesquisa levou em consideração 1004 jovens britânicos, entre 14 e 15 anos, e seus pais ou responsáveis, totalizando 2008 pessoas. O estudo levou em conta informações fornecidas pelos responsáveis sobre o comportamento dos adolescentes, além de dados, objetivos e subjetivos, para medir a agressividade destes. O resultado? Não houve nenhuma evidência que pudesse ligar jogos violentos a um aumento de agressividade sobre os jovens.
Andrew, diretor da pesquisa ainda disse: “A ideia de que videogames violentos levam a agressão no mundo real é popular, mas não foi muito bem testada ao longo do tempo. Apesar do interesse no assunto por pais e legisladores, a pesquisa não demonstrou que existe motivo para preocupação.”
A co-autora, Netta, complementa com algo ainda mais grave, citando que publicações anteriores podem ter distorcido a visão da sociedade sobre os games: “Nossas descobertas sugerem que os vieses de pesquisadores podem ter influenciado estudos prévios nesse assunto, e podem ter distorcido nosso entendimento dos efeitos de videogames.”
Nenhum tipo de vício é saudável, em games não é diferente. Entretanto, isso não é motivo para tentar fazer de um entretenimento, que comprovadamente ajuda na inclusão, na capacidade cognitiva, coordenação motora, entre outros, um culpado para a atrocidade que ocorreu, apenas por ser algo “desconhecido” para muitos.
O que aconteceu em Suzano, em Goias em 2017, ou atentados parecidos que ocorrem com uma frequência assustadora nos Estados Unidos, são um reflexo da vulnerabilidade social em que vivemos, onde pais cada vez mais ausentes deixam seus filhos procurar amparo com estranhos, onde doenças emocionais graves, como depressão, são tratadas com desdém por grande parte da sociedade. Essas tragédias não tem relação com jogos, filmes ou livros, violentos ou não.
A equipe da Torre de Controle se solidariza com às famílias das vitimas e dos jovens que nunca mais vão esquecer esses momentos de pânico; que estes possam ter a ajuda e apoio necessários para superar o ocorrido. Esperamos ainda que as investigações ajudem a continuar esclarecendo os reais motivos que levaram um adolescente a esse extremo.