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Crítica – Turma da Mônica – Laços | A mesma Turma que você conhece, agora em carne e osso e com menos carisma

Cinema

Crítica – Turma da Mônica – Laços | A mesma Turma que você conhece, agora em carne e osso e com menos carisma

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Quando a Graphic Novel Turma da Mônica – Laços, de Vitor e Lu Caffagi foi lançada em 2013, mostrando os personagens numa aventura épica para fora do mundo idílico da Turma, não faltavam comentários de que a história poderia dar um filme. Com uma jornada épica, personagens icônicos em situações dramáticas e uma ambientação que já se prestava para o cinema, tinha muito potencial para ser transposto para as telonas. Mas o diretor Gabriel Rezende parece ter confundido fidelidade ao material com uma adaptação bem feita, pois ao mesmo tempo em que o filme demonstra ter um imenso carinho e respeito pela obra, ele cai em todas as armadilhas possíveis de se adaptar essa obra icônica.

O filme começa com uma introdução da clássica dinâmica da Turma, com Cebolinha (Kevin Vecchiato) arrastando Cascão (Gabriel Moreira) em mais um dos planos “infalíveis” para roubar o coelinho da Mônica (Giulia Benite), acompanhada pela gulosa Magali (Laura Rauseo) que francamente nunca contribuiu muito pra essa dinâmica. Após o fracasso do plano e as tradicionais coelhadas, o Floquinho, o cachorro do Cebolinha (cujos créditos do filme garantem que não sofreu nenhum processo de tintura para ganhar a cor verde,  que não a torna menos ridícula) é sequestrado. Em pouco tempo a Turminha já está arrumando as malas em busca do amigo perdido, percorrendo florestas, casas abandonadas e sofrendo diversas provações.

O primeiro problema é que, apesar dos atores mirins muito competentes, o roteiro não dá aos personagens muitas chances de firmar suas personalidades. O filme não se dá ao trabalho de introduzir os personagens e conta com o conhecimento prévio do público para preencher essas lacunas. Além do problema de deixar esses personagens mal definidos, não os acompanhamos por muito tempo no contexto mais tradicional deles. Ao trocar as histórias urbanas, quotidianas e sem muito perigo dos gibis por florestas, aventuras épicas e momentos dramáticos da graphic novel, era necessário um trabalho muito mais forte de caracterização para mostrar a diferença dos personagens no ambiente normal comparado à situação inédita que o filme apresenta. Depender de conhecimento prévio quando a história coloca os personagens em uma situação completamente nova não ajuda, só salienta o quão mal adaptados os personagens foram. Além das características marcantes (A força da Mônica, o medo de água do Cascão, etc), e com exceção do Cebolinha, o filme não desenvolve muito os personagens para além das caricatura dos gibis.

O filme é primariamente sobre o Cebolinha e as consequências de sua arrogância, que movem a maior parte dos conflitos da narrativa ao longo da viagem. Alguns personagens tem certas cenas de destaque, mas nada próximo de um arco de personagem. Mas os problemas do roteiro vão além dos personagens. O filme precisa adaptar uma história de 80 páginas em um longa metragem, e realmente não consegue. Muitas adições à história destoam, não vão a lugar nenhum ou atrapalham o ritmo. Isso é muito mais visível no terceiro ato, em que uma série de cenas cômicas que não estavam no original tiram toda a tensão do clímax da história.

Uma feliz exceção é a participação do Louco (Rodrigo Santoro), na melhor sequência de todo o longa. Santoro faz valer todo o pouco tempo que tem em cena, com a energia e estranheza que o personagem mais bizarro dos quadrinhos merece. Cheia de piadas pastelão e quebras de quarta parede, o caos inerente do personagem faz a criatividade brilhar, com decoupagem, design de áudio e diálogos diferenciados, e sem destoar da história principal, melhor ainda, complementando-a. Além dele, temos diversos easter eggs espalhados pelo filme, tanto de personagens quanto dos artistas que contribuíram para a franquia ao longo das décadas. Os pais do Cebolinha (Paulo Vilhena e Fafá Rennó) fazem um trabalho competente, mas o filme não dá a eles muita função além dos “adultos inúteis”. Um componente clássico dos gibis marca presença de forma inusitada e hilária.

No fim das contas, o filme adapta tanto a história quanto os personagens de forma superficial demais para fazer jus a ambas. O filme prioriza trazer a Turma da Mônica fielmente para o cinema, mas peca em criar uma história a altura da graphic novel que a inspirou. Ele mira no Goonies, mas acerta na comédia de Disney Channel e se contenta em deixar a nostalgia carregar o filme. A esperança é que, caso façam uma continuação, Turma da Mônica: Lições, eles possam usar a ambientação mais tradicional da história para dar mais foco aos personagens. Até lá, o filme se reduz àquela frase que sempre nos contentamos em falar quando esse tipo de filme fica aquém do que poderia ser.

As crianças vão gostar.

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