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Análise | Northgard – O balanço entre o caótico e o pacífico em um RTS

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Análise | Northgard – O balanço entre o caótico e o pacífico em um RTS

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Quando pensamos em jogos de RTS – o famoso Real Time Strategy, ou Estratégia em tempo real – é comum associar a jogos estressantes que demandam bastante de cada jogador, onde manter o controle de várias unidades e construções diferentes em um tempo recorde pode ser a diferença entre uma vitória e uma esmagadora derrota – jogos como StarCraft II ou Warcraft III, por exemplo. Toda essa fama de um gênero pode acabar afastando jogadores, mas certos jogos conseguem pegar o conceito do gênero e aplicá-lo de maneira diferente, de modo que quase todos os jogadores conseguirão digerir e apreciar. – E hoje estamos falando de um jogo indie que faz exatamente isso: Northgard.

Criado pelo estúdio independente francês Shiro Games, responsável pela saga Evoland, Northgard é um RTS que teve sua mais recente versão lançada para o Nintendo Switch (a versão utilizada para esta análise). Com um tom medieval e viking que conta a história de Rig, príncipe que tem seu pai e todo o seu clã assassinados diante de seus olhos, e sendo o único sobrevivente, jura encontrar os responsáveis pela morte de seus companheiros e executar sua vingança. Daí em frente, Rig terá de atravessar todo o continente de Northgard, provando a todos os clãs em seu caminho que é digno de ser um novo rei, para finalmente encontrar os assassinos de seu antigo clã e trazer justiça a eles.

A narrativa de Northgard é contada pelas memórias de Rig, através de painéis com desenhos muito bem acabados, remetendo à pinturas, combinados a uma sólida narração dos eventos anteriores, com uma bela atenção aos detalhes da pronúncia de termos escandinavos remetentes ao universo viking. O jogo não possui animações ou detalhes mais visualmente criativos, mas o que está ali para descrever a narrativa funciona bem com a proposta do jogo – é agradável aos olhos e ouvidos.

O jogo em si é um RTS – erga moradias e construções para o seu clã, manejando recursos como comida, madeira e dinheiro, para que ele se expanda e possa conquistar os terrenos próximos de si e subjugar seus inimigos. Cada construção tem uma função diferente, como moradias para aumentar a capacidade de abrigar pessoas, quartéis para treinar aldeões a serem soldados, postos para fazer negócios com outros clãs ou raças, dentre muitos outros, cada um com um terreno ideal a ser construído a custo de alguns de seus recursos – madeira, na maioria das vezes.

Mesmo com a estrutura similar, Northgard possui elementos próprios que o diferenciam um pouco de outros jogos do gênero: O seu clã crescerá naturalmente e um aldeão novo será gerado a cada certo período de tempo, contanto que seu clã esteja contente. Um número ao lado da quantidade de recursos do clã mostrará o quão contente o seu povo estará com a atual situação, e caso caia abaixo de zero, novos aldeões não poderão mais ser gerados. Ao iniciar um capítulo ou partida, todo o mapa ao redor de sua casa inicial estará completamente escuro, e você não poderá explorar o resto do mapa sem criar um campo de treinamento para batedores e indicar alguns aldeões à essa função. Cada novo pedaço de terra explorado terá de ser manualmente conquistado utilizando comida, e você terá de ir conquistando esse caminho segmentadamente, quase como conquistar pedaços de um tabuleiro. Adicionalmente, as únicas unidades que podem ser manualmente direcionadas a todo momento são as unidades militares, como soldados, todo o resto se maneja automaticamente contanto que lhes seja dada uma função.

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Outra característica própria a ser ressaltada é que Northgard, em muitas vezes, dá uma variedade de condições para a vitória de seu clã, e você pode escolher por si só qual delas quer seguir. Por exemplo, você pode ganhar a partida invadindo e aniquilando o clã oponente, que é o mais comum de outros jogos do gênero, ou pode escolher focar em expandir a fama de seu clã através de feitos valorosos (como conquista, comércio exterior ou caça a criaturas místicas), tornando irrelevantes os clãs oponentes. Cada opção é válida e possui suas vantagens e desvantagens, se adequando ao estilo de jogabilidade de cada pessoa.

Ao progredir na história de Northgard, Rig encontrará diferentes clãs com características e representantes próprios, que podem ou não simpatizar com a jornada do protagonista, levando os jogadores a experimentar cada um dos clãs por pelo menos um capítulo, ajudando a entender como cada um funciona e suas próprias nuances. Levando em consideração os estilos de jogabilidade mencionados anteriormente, o clã do Lobo é um clã agressivo, que se contenta em aumentar sua frota militar e atacar os oponentes, ganhando bônus por cada oponente abatido, porém iniciam com menos recursos, tornando a caça uma necessidade, enquanto o clã do Corvo se confia bem mais em resolver problemas à distância, focando em comércio e obter mais dinheiro, podendo conquistar terrenos com dinheiro em vez de comida e até contratando mercenários para fazer seu trabalho sujo.

Além do modo História, o jogo fornece a opção de jogar um jogador contra até 3 clãs controlados pela IA, além de multiplayer online, onde os jogadores escolhem modos de todos contra todos, 3 vs 3 e dentre outros onde cada jogador escolhe o clã que desejar.

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Todas as informações ditas até agora parecem ser um pouco demais para absorver e dão a impressão que Northgard vai ser mais um jogo estressante, mas é quase totalmente o contrário. O jogo ainda possui um pouco de tensão pelo manejamento de recursos e solucionar problemas que aparecem de última hora, mas no geral Northgard é um jogo muito tranquilo, arrisco dizer até que é relaxante de jogar. Todo o ritmo do modo História é focado em fazer os jogadores entenderem como tudo funciona, com espaço para experimentação própria e sem muitos tutoriais invasivos. A música e os visuais coloridos complementam bem o ritmo que o jogo transmite, fornecendo uma experiência que deixará os jogadores envolvidos, mas quase nunca estressados. É uma experiência que sabe mesclar muito bem os aspectos pacíficos e caóticos de um RTS.

Dito isto, Northgard ainda possui certos problemas. Na versão de Switch, o tamanho da fonte utilizada é pequeno demais quando visto na televisão com o Switch no dock, o que dificulta bastante a leitura e entendimento das informações (no modo portátil, é um pouco mais visível). O fato de os aldeões fazerem suas atividades automaticamente depois que lhes é dada uma função pode ser uma faca de dois gumes: É bom que o jogador não precise se preocupar em selecionar cada um dos aldeões, deixando o processo mais fluido, mas algumas vezes a Inteligência Artificial os deixa presos no que estiver mais próximo e caso você inicie a base para uma construção, você não pode designar que um aldeão específico vá construir aquilo, tomando mais do seu tempo e colocando um processo mais complicado do que precisaria ser.

Adicionalmente, alguns dos atalhos dos botões são confusos e não intuitivos, como a combinação para separar suas unidades militares por categoria – o que é essencial em combate, para não perder soldados por mau posicionamento, e em mais de um momento é notável que os botões não são responsivos, demorando muito a reconhecer o seu comando – e algumas vezes simplesmente não reconhecendo. E ainda tem mais: O jogo possui momentos de lag quando muitas coisas estão na tela, especialmente se você estiver jogando contra vários clãs ao mesmo tempo, e a conexão aos servidores do multiplayer online deixa muito a desejar, constantemente desconectando.

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Essa captura de tela foi tirada diretamente do Switch. A letra é quase ilegível.

Em conclusão, Northgard é um RTS bem mais tranquilo e amigável do que uma boa parte das outras opções, com visuais e músicas agradáveis e uma campanha de um jogador bem sólida, que sofre de alguns problemas de responsividade e mapeamento de comandos na sua transição para o Switch, além de um multiplayer online com notáveis problemas de conexão, mas ainda consegue fornecer uma experiência divertida, com uma campanha de aproximadamente 16h. Se você já é fã do gênero e procura algo um pouco diferente, ou nunca jogou o gênero e não sabe por onde começar, Northgard é uma boa opção que se encontra disponível em todas as plataformas atuais: PC, PS4, Switch e Xbox One.

É válido dizer que certas DLCs que incluem clãs novos ainda não se encontram disponíveis na versão de Switch, então talvez valha mais a pena investir na versão para PC caso o jogo seja realmente de seu agrado, a menos que você prefira a portabilidade que o Switch proporciona. Só podemos esperar que a Shiro Games dê a mesma atenção às versões de consoles e que alguns desses erros sejam consertados em patches futuros do jogo.

Esta resenha foi feita com uma cópia do jogo para Nintendo Switch, fornecida gentilmente pela própria Shiro Games.

Cientista Ambiental, Ilustrador, Tradutor e Editor que vive de cabeça nas nuvens. Anda ouvindo a OST de Danganronpa, é pai de 4 gatos, ri de coisas sem sentido, é vegetariano e tem uma paixão por maracujá. Ama jogos de plataforma, histórias bem contadas e tem mania de jogar coisas esquisitas, e seus jogos favoritos incluem as sagas The Legend of Zelda e Metal Gear, Super Metroid, Persona 5 e Shadow of the Colossus.

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