Artigo | O cinema ainda será relevante em um mundo pós-quarentena?
Você já parou para pensar sobre cinema nessa quarentena? Eu sei, há tantas coisas para se preocupar, como encontrar uma cura, como se prevenir, como buscar meios de se reestabelecer a economia após tudo isso, mas, e o cinema?
Na data em que este artigo está sendo escrito, todas as produções cinematográficas e para a tv estão paradas, atores estão isolados e a indústria totalmente estática. O isolamento social é uma realidade. Os cinemas fechados e as produções que viriam a ser lançadas no cinema foram adiadas ou levadas para os serviços de streaming de suas respectivas produtoras. A única fonte de entretenimento para a quarente está a cargo destes mesmos serviços que, segundo o site The Verge, tiveram um aumento significativo tanto no número de usuários como de uso destas plataformas. Hoje, 9 entre 10 brasileiros possuem ou utilizam contas de serviços de streaming , o que coloca o Brasil na posição de 6º maior consumidor destas plataformas.
As assinaturas como Netflix, Amazon Prime, HBO GO e demais, cogitam, devido ao grande uso, reduzirem a resolução para não sobrecarregar a internet mundial. Plataformas estas que possuem vasto catálogo de filmes antigos e novos.
Portanto, quando nos pegamos pensando; se estas plataformas produzem também material original, qual a necessidade de ir ao cinema? Por que não lançar tudo para streaming?
Há tempos, questiona-se a relevância do cinema, e se com o passar do anos os televisores tornam-se cada vez maiores para assistirmos no conforto de nossas casas. Se temos produções exclusivas para plataformas por que nos deslocarmos para outro lugar, geralmente lotado, para assistirmos algo? Não estaria o cinema definhando?
Para responder esta pergunta, devemos primeiramente, nos colocar no lugar das pessoas que não possuem acesso a internet ou não possuem capital para investir em tantas plataformas existentes.
Sendo assim, seria o cinema, hoje, um produto voltado às pessoas menos desfavorecidas? Sim e não. Quando pensamos em cinema, nos vem à mente, quase que repentinamente, a visão de filas enormes, salas lotadas, milhões em bilheterias e a empolgação das estreias.
É um fato claro aos olhos de todos que muitas das produções cinematográficas que consumimos necessitam de mais dinheiro para suas produções do que necessitariam em uma plataforma de streaming. Quando falamos em blockbusters, os mesmos são feitos exclusivamente para o cinema por um contexto tradicional da indústria cinematográfica.
Por exemplo: um filme como Vingadores: Ultimato, que custou pouco mais de 300 milhões de dolares para ser produzido, não poderia ser lançado exclusivamente em um serviço de streaming apenas. E se fosse lançado, talvez não tivesse a mesma relevância que teve, mesmo se tratando da finalização da saga de uma franquia. Sem falar que o mesmo demoraria bem mais tempo para obter em lucro, do que obteria no cinema. Afinal, quando pensamos no streaming, temos em mente que pagamos uma taxa mensal por diversos conteúdos. Este valor é distribuído para os direitos de diversas outras produções. Se refletirmos que determinadas produções são mais caras, logo, elas exigem uma porcentagem maior desta distribuição para que ela se pague. Dada a realidade atual, levaria até mesmo anos (se levarmos em conta também o crescimento da pirataria virtual de produções exclusivas em streamings) para se obter um lucro significativo de um filme do nível de um blockbuster para ser lançado exclusivamente no streaming.
É evidente que as telas de TV ainda não possuem a capacidade de emular a tecnologia 3D dos cinemas com perfeição, ao menos não as da última geração. Sem falar no custo de um aparelho tão avançado para a grande maioria dos brasileiros.
A verdade é que, apesar dos streamings serem uma realidade e uma alternativa válida para se produzir e distribuir, ainda assim, são apenas um serviço de distribuição de uma material que majoritariamente passa pelo cinema para poder se pagar. Se fizéssemos um cálculo de quanto se gasta em produções de determinadas produtoras e as mesmas disponibilizassem tais produções apenas em streaming, os valores de assinatura seriam absurdos, pois como já dito acima, um elevado número de produções de alto custo não se pagam em streaming, mesmo considerando o grande aumento de usuários e de arrecadamento total no ano das mesmas.
Portanto, após a quarentena, valorize o cinema. Vá com os amigos, com a família, com a crush. Experiencie um momento único que você não experienciaria em casa. Viva o cinema, e deixe-o vivo.