Análise | A Memoir Blue – Uma tocante experiência e espetáculo audiovisual

A Memoir Blue é um jogo lançado em março de 2022 pela Annapurna Interactive, desenvolvido pela Cloisters Interactive. Sua proposta é guiar a personagem Miriam, uma atleta de renome internacional e ganhadora de vários prêmios, em uma jornada pelas profundezas de suas memórias e redescobrir seu relacionamento com sua mãe.

A jogabilidade é um misto de point-and-click com um pouco de solução de puzzles bem simples, com animações acontecendo entre uma ação e outra. Sem absolutamente nenhum diálogo escrito ou falado, a estória se desenvolve através de imagens, sons e ações dos personagens. Por ser um retrato das memórias da vida da protagonista, os cenários são muitas vezes abstratos e permitem certo nível de exploração – onde alguns troféus são desbloqueados como recompensa dessa exploração. Para aqueles que procuram algum desafio, já adianto: este é um jogo casual, movido pela estória e não pelo desafio. Não há como “morrer” no jogo, a ideia aqui é contar uma estória que possa gerar identificação com o jogador, e não levá-lo a expandir seus limites de coordenação motora.

 

A princípio pode parecer um pouco entediante esse estilo de jogo, mas a riqueza de detalhes, a incrível direção de arte com belíssimos gráficos – uma mistura de arte 3D e desenhos feitos a mão – com uma trilha sonora magnífica elevam o conjunto da obra a algo belíssimo e – com o perdão do trocadilho – memorável.

Além dos aspectos técnicos muito bem executados, temos uma estória de fácil identificação, pois retrata um drama familiar muito comum, não importando se somos apenas filhos ou se já somos pais – o sentimento acaba batendo de uma forma ou de outra. A delicadeza como tudo é mostrado, a sensibilidade criada pela junção de gráficos, música e roteiro, tudo contribui para um mix de sensações – e é aqui que o jogo brilha.

A Memoir Blue

 

Como o jogo não tem diálogos ou textos, é necessário interpretar as cenas e se atentar aos detalhes e expressões para acompanhar a estória. Mas ao contrário do que se pode pensar, isso acontece de maneira bem orgânica e fluida. Apesar de ser um jogo curto – leva-se cerca de 1 hora para terminá-lo – ele não parece ser corrido, temos tempo de absorver e entender o que está acontecendo, com direito a momentos de contemplação. Me peguei pensando em situações da minha própria vida, com minha própria família, em diversos momentos. Uma coisa que martelou muito na minha cabeça foi o quanto as vezes julgamos nossos relacionamentos sem ter o entendimento do todo, dos motivos que fazem as pessoas reagirem da forma como reagem. E como disse anteriormente, isso bate em qualquer um de nós, de uma forma ou de outra.

Ao terminar o jogo, estava reflexivo e maravilhado com tudo o que vi e ouvi naquela última hora, pensando sobre a estória, os personagens e o que eu tinha em comum com eles. Não foi uma jornada longa e nem demandou habilidades e suor, mas foi algo belo, tocante e que de fato me enriqueceu de alguma forma, e exatamente por isso eu me sinto compelido a recomendar o jogo para qualquer público.

 

A Memoir Blue está disponível para PC (Steam), PlayStation, Xbox (no momento disponível também no Game Pass) e Nintendo Switch. Esta análise foi feita em um Xbox Series S.

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