Crítica | Abracadabra 2 – Com a mesma mágia, filme entrega uma história ainda mais contagiante

 Existem aqueles filmes que você não quer uma sequência, pois não vê uma forma certa dela funcionar. Mas ao mesmo tempo, se passa em sua cabeça como seria divertido ver aqueles personagens voltando mais uma vez para a sua tela e contando uma nova história mesmo que com algumas pequenas mudanças.

 Abracadabra 2 é esse tipo de sequência. Sendo sincero, ela funciona mais como um abraço daquele amigo que você ama e não vê a muito tempo, onde os dois se sentam para conversar e ele te conta várias histórias do tempo em que estiveram separados. Assim como essa conversa, o filme te deixa com um sorriso no rosto o tempo todo e curioso em ver como vai terminar.

Nostalgia em Salem

 Com direção de Anne Fletcher (Vestida para casar) o filme se passa exatos 29 anos depois da última aventura das três irmãs. De volta a Salem, seguimos Becca (Whitney Peak) em seu aniversário de 16 anos. Todo ano ela e suas amigas, Izzy (Belissa Escobedo) e Cassie (Lillia Buckingham) fazem um ritual de aniversário, porém alguém sai do controle e as irmãs Sanderson voltam para se vingar de Salem mais uma vez.

  O filme coloca novamente as três bruxas se adaptando ao mundo moderno e graças a direção de Anne Fletcher as piadas que envolvem essa adaptação tem o timing certeiro e muitas vezes afiado com direito a um humor ácido, ainda mais se focarmos na cena em que elas comem e bebem dos produtos de beleza pensando que realmente são feitos de crianças e ajudam no rejuvenescimento.

 A respeito das nossas queridas Bette Midler, Sarah Jessica Parker e Kathy Najimy mais uma vez elas brilham na pele das irmãs Sanderson que agora ganham um pouco mais de profundidade em sua história. Durante todo o tempo em que estão em foco é percebível o quão confortáveis estão de terem voltada para esses papeis. E além disso a volta das três está tão magnifica que fica difícil não abrir um grande sorriso logos nos primeiros minutos quando elas aparecem.

A formula mágica

 É importante dizer que a adição de novos personagens acabou sendo ainda mais vital para que o longa realmente funcionasse na atualidade em que vivemos. Como um bom filme da Disney, temos aqui uma história que vai além da vingança das bruxas, por dentro dessa vemos talvez um dos filmes mais maduros do estúdio sobre as diferentes relações de amizade. Desde os seus primeiros minutos vemos como as irmãs são importantes umas para as outras, assim como Becca, Izzy e Cassie que estavam separadas por alguns atritos em sua amizade.

 Whitney Peak tem seus grandes momentos e consegue um bom destaque entre a força que Bette, Sarah e Kathy demonstram em cena. Becca é tratada com indiferença por alguns alunos por gostar de coisas que não são totalmente comuns, como é o caso do misticismo, e ela não se deixa abalar ainda mais quando está ao lado das amigas. A atriz entrega, dentro do que o filme propõe, uma atuação excelente e elogiável. Assim como Belissa e Lillia que mesmo como apoio, ainda conseguem entregar ótimas cenas de comédia.

 Acho que não seria justo com o restante do elenco se não ao menos citar eles aqui. Mais uma pessoa que volta confortável em seu personagem é o ator Doug Jones (A formula da água), como o querido zumbi Billy Butcherson que faz par com Sam Richardson como o vendedor Gilbert. Devo dizer que não esperava por isso, mas os dois entregam uma ótima sequência. Assim como Tony Hale (Arrested Devlopment) e Hannah Waddingham (Ted Lasso) tem pouco tempo de tela, mas brilham em tela.

 A diretora foi certeira ao trazer a irmandade como um dos temas do filme. Por mais que Winnie se sinta a mais poderosa entre as três, é inegável que sem Sarah e Mary a bruxa poderia não ser nada. Foi de uma esperteza trazer mais sobre o passado delas e o que realmente as levou a se tornarem essas bruxas que precisam de crianças para continuarem vivas. E sem contar que isso ainda nos leva para um final inimaginável e surpreendente que pode fazer os mais fracos virem a se emocionar facilmente.

Tão poderoso quanto o original

 Chega a engraçado dizer isso, mas Abracadabra 2 consegue superar o original e ser ainda mais divertido quanto. Mesmo que ainda ande na mesma linha do original lançado em 1993, a sequência sabe quando criar os seus próprios passos. Vale lembrar que o longa dirigido por Kenny Ortega acabou não indo muito bem de bilheteria e somente futuramente acabou por se tornar um clássico cult, ao ser reprisado inúmeras vezes durante o Halloween assim se tornando um dos favoritos do público.

 Com uma roupagem focada na nostalgia o filme consegue com maestria alegrar os fãs mais velhos e conquistar aqueles que ainda não conheciam a história das Sanderson. Não é só o fator nostalgia que funciona aqui para que isso aconteça, mas talvez a direção e o roteiro que contribuam em conjunto para que o filme não seja apenas mais uma bagunça com participações especiais e homenagens ao original. Dito isso, Abracadabra 2 tem sim não uma, mas duas sequências musicais que abrem um sorriso de um canto ao outro da boca.

 O filme se auto homenageia em diversas partes, claro que algumas coisas do original fizeram falta como a participação da Dani e do Max, mas talvez isso até que foi bom, pois assim ele traz novos ares sem que ter que se comprometer de mais em ficar no passado. Vemos ele como uma sequência direta e não um remake que quer ser o primeiro, o que é ótimo principalmente se pensarmos no seu desfecho e em suas cenas pós credito que talvez indiquem um futuro para a franquia.

Veredito da Torre:

 Assim como Top Gun: Maverick. Abracadabra 2 se respeita em ser um sequência que bebe do fator nostalgia, mas traz profundidade junto de uma importante e madura mensagem sobre a irmandade que diverte e te leva ainda mais a fundo de uma história vista a quase 30 anos atrás. Com o brilho de novos e antigos atores, é a pedida certa para alegras as noites sombrias de Halloween!

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