Crítica | One Piece Film: RED – O musical dos Chapéus de palha.
Em seu 15° filme de cinema, o primeiro lançado em terras brasileiras, One Piece se inova mais uma vez e traz uma aventura musical pra lá de colorida. O que é interessante, pois demonstra que depois de 25 anos Eiichiro Oda ainda consegue surpreender bem o seu publico. Mas talvez a decisão de fazer um grande musical para os piratas do chapéu de palha não tenha sido a mais esperta.
Emplacando hits.
No filme conhecemos a terra de Elegia, a ilha da musica, onde a misteriosa princesa UTA irá fazer o seu primeiro grande show com transmissão mundial. O show acaba reunindo milhares de pessoas do mundo inteiro, incluindo muitos personagens do mundo de One Piece, como a Marinha e alguns piratas que já apareceram antes na série. Mas algo acaba não saindo como todos esperavam e uma corrida contra o tempo para salvar o mundo de uma misteriosa canção começa.
O verdadeiro foco de “Red” é UTA, personagem dublada originalmente pela popstar japonesa ADO, que é a filha do pirata Shanks. Desde o seu inicio o filme constrói uma atmosfera ao redor da cantora e em como a sua participação vai ser necessária dentro do que eles querem nos mostrar. Durante o decorrer da história vemos que ela é como uma válvula de escape para os cidadãos que estão cansados dessa “era dos piratas” e com a sua musica ela pretende trazer a felicidade para todos em uma nova era.
Mas acontece que é exatamente essa decisão que faz com que o filme se mostre muito mais como um experimento do que realmente um longa musical. As musicas são ótimas e grudam na cabeça, porém é notável que eles se perdem em suas composições. As cenas musicais apesar de muito belas, atrapalham até mesmo o andar do filme que se vê perdido em algumas delas.
E infelizmente isso faz com que a participação de outros personagens se torne mínima e muita das vezes apenas como uma obrigação de coloca-los no filme por fazerem parte da formação principal. Com exceção da cena inicial e a final, as outras parecem pequenos clipes musicais para deixar a duração em pouco maior.
Ritmo pouco frenético
O filme é bem despretensioso e não necessariamente você precisa ter assistido a todos os capítulos do anime para entender o que está acontecendo, porém vale ressaltar que ele se passa em algum momento ali dentro do arco mais recente que é o de Wano. Então muito provavelmente aqueles que estão acompanhando pela Netflix ou ainda não assistiram todos os mais de mil episódios podem ficar meio perdidos, mas nada muito grave.
Mas como um bom filme de anime, One piece Film: Red, consegue fazer o seu próprio espetáculo. A Toei tomou um cuidado especial quando se trata desse filme, as cenas em que UTA está dando o seu show ou as que dão destaque para as musicas são belíssimas e muito bem animadas. A vibração das cores em contraste com uma Elegia meio cinzenta da um tom único para o filme. Também não ficam para trás as poucas cenas de luta, ainda mais a batalha final do longa.
A história do filme mesmo fica meio perdida e de certo modo até mesmo como um segundo plano, tudo é resolvido de forma nada convincente e as coisas vão sendo reveladas apenas quando convém. Temos três mistérios soltos no inicio do filme que tem soluções desastradas e até mesmo bobas, Red tenta fazer com que a revelação do vilão principal seja algo surpreendente, mas acaba por fazer isso de forma corrida e com uma explicação xoxa.
O Shanks que parecia ser o grande ponto alto do filme aqui é muito subaproveitado, mesmo com a UTA sendo a sua filha e o passado dela ao lado do Luffy sendo mostrado ao longo doo filme. Fica a expectativa para a entrada do Shanks e ela nunca acontece. E quando acontece é apenas um Fan Service que nada impacta a audiência para o desenrolar da trama.
Porém acontece que o filme é apenas um grande fan service sem se preocupar muito em colocar as pessoas dentro daquele mundo ou apresentar, mesmo que rapidamente, esses personagens para desconhecidos. Temos a volta de alguns personagens que não necessariamente deveriam estar ali, até porque não servem para absolutamente nada se não um easter egg escancarado.
Um ponto de destaque acaba se tornando a dublagem brasileira que mais uma vez faz um trabalho fantástico na escolha do elenco. Para aqueles que já acompanham esses piratas a anos deve ser um pouco difícil se acostumar, mas a localização para o português ficou tão perfeita que logo todos estarão familiarizados e apaixonados por esses personagens.
A decisão de deixar o longa 100% em português foi ótima, as musicas da UTA cantadas pela Bianca Alencar demonstram a versatilidade da dubladora a respeito dos momentos mais sérios e pesados da personagem. Mesmo que o seu tom não seja exatamente o mesmo da cantora japonesa, ainda assim as musicas estão ótimas e merecem serem ouvidas.
Veredito
No fim das contas One Piece Film: Red falha ao mirar em se tornar um filme musical e esquecer que somente cantoria sem uma história interessante para seguir não cola. Com personagens pouco aproveitados e muita das vezes jogados na tela por puro fan service, o que salva são as ótimas cenas de ação e o clássico e único humor da franquia, junto das musicas chicletes que tem grande destaque graças a afiada dublagem brasileira.