Crítica | Guardiões da Galáxia Vol.3 – “Vamos dizer adeus com um sorriso, querido”
Olhando para o passado, ninguém poderia dizer que uma equipe não muito conhecida pelo publico viria a se tornar uma das melhores coisas que já passaram pelo MCU. Quase 10 anos desde o primeiro filme e James Gunn reúne todo o seu amor por esses loucos desajustados em um filme brutal, mas muito apaixonante e que vai te levar a reunir vários sentimentos ao mesmo tempo.
“But i’m a creep”
“Essa história era sua o tempo todo, você só não sabia” é a frase dita por Lylla (Linda Cardelline) a Rocket (Bradley Cooper) em um dos muitos momentos onde os sentimentos elevam a flor da pele neste filme. Sendo tratado como um alivio cômico desde a sua primeira aparição lá em 2014, Rocket Racoon, finalmente tem o seu triste passado revelado de forma sensível e comovente. O personagem se torna a engrenagem principal para que todos os acontecimentos futuros do longa funcionem.
Sua história com o Alto Evolucionário (Chukwudi Iwuji) é densa e difícil de digerir – fica aqui o aviso para que se você tem sensibilidade quanto a violência contra os animais, recomendo que assista na sua zona de conforto -, a carga dramática é muito bem colocada e não se desloca de todo o resto do filme, mas ajuda a gente a entender o porque do guaxinim ser tão fechado muito das vezes e consequentemente faz com que o clima do longa se torne diferente do que estávamos acostumados antes.
E para que isso aconteça, alguns papeis precisam ser mudados. Peter Quill (Chris Pratt), Gamora (Zoe Saldana) e Groot (Vin Diesel) se tornam personagens secundários, já Mantis (Pom Klementieff), Drax (Dave Bautista) e Nebula (Karen Gillan) se tornam peças fundamentais para momentos específicos do longa. Com situações que vão além das saídas convenientes, Gunn, consegue montar um quebra cabeça pouco confuso, mas aceitável.
“I can’t stop this feeling”
Guardiões da Galáxia Vol.3 chega a parecer um termino de relacionamento em certos momentos, pois desde o seu início, é com se uma carga emocional muito mais pesada tivesse sido liberada. É possível sentir todo o amor despejado, não apenas pelo diretor, mas por todo o elenco que está preparado para nos entregar uma última grande aventura.
As atuações estão grandiosas, com pontos de destaque para Karen Gillan, Chris Pratt e Chukwudi Iwuji. Gillan traz uma nova Nebula, um lado ainda não explorado da personagem desde os acontecimentos de Ultimato, sua atuação passa todo o desconforto da personagem com a atual situação da equipe, um instinto protetor que ela não está nada acostumada a transparecer. Já Pratt entrega uma atuação pesada do Senhor das Estrelas, ele continua o mesmo garotão de antes, mas conseguimos sentir toda sua ansiedade e medo a cada minuto.
Mas acho que é o vilão quem se destaca mais, Chukwudi dá medo e te deixa tenso a todo momento. O Alto Evolucionário, assim como todos os vilões da equipe, é muito bem construído, graças ao ator que molda uma personalidade impressionante para o personagem deixando transparecer toda a sua motivação e frustação. Já Adam Warlock (Will Poulter) seja a decepção do longa, não que ele esteja ruim, mas assim como Cosmo o personagem tem muito pouco tempo de tela para formar uma opinião sobre.
“Happiness hit her”
James Gunn ter voltado para finalizar essa história era a única escolha possível para esse terceiro filme. A sua direção parece ainda mais elegante do que antes, com a condução da história não estando tão frenética quanto ao vol. 1 e 2, mas deixando as cenas de ação muito bem coreografadas e épicas e os dramas dos personagens bem mais profundos. Percebemos que eles deixaram de ser uma equipe a um bom tempo e agora já se veem e agem entre si como uma família.
O filme inclusive brinca com o roteiro achar formas fáceis desses personagens sempre se darem bem ou saírem vivos das mais situações mais perigosas ou ridículas possíveis. E está tudo bem, faz parte desse universo, faz parte da construção desses personagens, tudo isso mais é claro as piadas, aqui colocadas nos momentos certos. Seja para quebrar um clima muito pesado ou apenas para descontrair, as cenas de comédia mais uma vez estão muito bem escritas.
E claro que não da para falar de Guardiões da Galáxia sem falar das musicas. A trilha sonora do filme mais uma vez está impecável, com sucessos dos anos 80 aos anos 2000, as musicas se encaixam nos momentos certos fazendo com que cada cena toque nossos sentimentos de diversas formas. Desde os minutos iniciais ao som de Creep do Radiohead, percebemos que mais do nunca ela vai ser uma parte extremamente importante do filme.
“We Meet Again”
Em Guardiões da Galaxia Vol.3 damos adeus a mais uma boa leva de personagens da Marvel, mas ao mesmo tempo damos “olá” para novas possibilidades. E eu digo isso com o coração apertado, pois essa equipe desequilibrada se tornou bastante querida para mim, vai fazer falta um diretor tão apaixonado pelos seus personagens quanto James Gunn foi com essa família. É ver o que o futuro nos reserva quanto as novas histórias que estão por vir.
Finalizo essa crítica dizendo que sim, os guardiões da galáxia foram o maior acerto do MCU, uma trilogia sem defeitos e que vai deixar saudades, agora resta esperar para “nos encontrarmos novamente, não sei onde, não sei quando, mas sei que nos encontraremos de novo”.
Nota: 4,5/5