Especial Star Wars | Ahsoka – Primeiras Impressões

Uma nova série de Star Wars estreou na última terça-feira, Ahsoka, série da personagem que iniciou sua jornada como uma das mais odiadas da franquia e hoje se consolida como uma das mais queridas. A produção debutou com seus dois primeiros episódios no Disney+, dirigidos, respectivamente, por seu criador e roteirista, Dave Filoni (Avatar: A Lenda de Aang) e pela indicada ao Oscar e ao Emmy, Steph Green (Watchmen), que entregam um enredo simples e sólido, para o alívio dos fãs da saga.

Ahsoka, nova série live-action da franquia Star Wars
Disney/Divulgação

Dave Filoni, co-criador de The Clone Wars ao lado de George Lucas, produziu a série essencialmente como uma sequência direta de Star Wars Rebels, animação de 2014 que também construiu aos poucos um lugar no coração dos fãs. Ahsoka se passa durante ou depois da terceira temporada de The Mandalorian e é carregada da necessidade de conhecimentos prévios de outras produções de Star Wars, e essa é claramente sua maior barreira.

Para entendê-la em sua completude, a produção praticamente exige que o espectador conheça os eventos mostrados nos filmes de Star Wars, assim como nas animações The Clone Wars e Rebels, e de alguns pontos de The Mandalorian e Book of Boba Fett. O que para o fã assíduo da franquia se torna um presente magnifico, para um espectador novato pode ser um grande problema, afetando o engajamento da série e suas avaliações.

Sabine Wren em Ahsoka, nova série live-action da franquia Star Wars
Disney/Divulgação

Sem delongas, a série segue a protagonista Ahsoka Tano na busca por um mapa que pode levar a localização de seu amigo Ezra Bridger e do Grão Almirante Thrawn, protagonista e antagonista de Rebels, que desapareceram no final da série antecessora. Ao mesmo tempo, os remanescentes do Império também buscam o mapa para chegar a Thrawn antes, com a esperança de que o Almirante seja capaz de reerguer o regime a sua antiga glória. Em sua jornada para decifrar o mapa, Ahsoka reencontra Hera Syndulla, Sabine Wren e o droid Chopper, aliados de Ezra na animação, revelando também alguns assuntos não terminados entre Ahsoka e sua antiga aprendiz, Sabine.

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Partindo do ponto de vista de um fã de Star Wars por toda a vida, poucas coisas em Ahsoka poderiam ser melhores. A produção tem um primeiro episódio repleto de referências surpreendentes para além das animações. A chegada de dois jedis em uma nave logo no início da série remete imediatamente ao começo de A Ameaça Fantasma. Os puzzles em um templo antigo com um artefato místico se relaciona tanto a Indiana Jones, também criação de George Lucas, quanto aos jogos Jedi: Fallen Order e Jedi: Survivor. Essa rima visual se repete também dentro da obra a partir de vilões que parecem ser uma amálgama de diversos personagens da franquia. Eles podem ser Qui-Gon e Obi-Wan, assim como Dooku e Qui-Gon, ou Obi-Wan e Anakin, mas o que fica claro é que eles são um espelho de Ahsoka e Sabine.

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Neste primeiro episódio, Dave Filoni assina novamente sua direção com algo que remete a um Western misturado com o cinema samurai de Akira Kurosawa. Planos estáticos assim como os personagens que se encaram. Suas armas sempre enquadradas como os verdadeiros protagonistas da cena. Tudo fica parado até que uma ação rápida e calculada acontece, como o corte fatal de uma katana.

A coreografia das batalhas são facilmente as melhores de Star Wars em live action desde A Vingança dos Sith (ou aquela cena do Darth Vader em Rogue One). As lutas se parecem com os diversos duelos que ocorriam nas animações, porém, não tanto com os das prequels, talvez pelo CGI usado atualmente nos sabres ou pela diminuição de floreios durante as batalhas. Cada golpe parece preciso e o uso de Força tem presença constante, diferente das dos novos filmes da Disney.

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Os roteiros fluem bem na maior parte do tempo, algumas frases parecem até que saíram diretamente de George Lucas, como os dizeres filosóficos e sábios do mestre Yoda. Apesar disso, certos momentos parecem só estranhos e feitos com propósitos específicos, como a cena de apresentação da Sabine. A ação da cena ocorre somente para mostrar ao público como a personagem tem um temperamento difícil, fora isso, ela não faz nenhum sentido. Em outras ocasiões, as situações são óbvias e previsíveis, mas realiza o clichê de forma satisfatória.

A Ahsoka em si carrega as melhores falas, sua personalidade se mostra mais madura e durona, porém, com uma mente mais fechada, revelando que talvez veremos um arco de desenvolvimento relacionado a isso. Tais traços colocam ela longe do estereótipo da personagem feminina de personalidade perfeita e poderosa, não deixando muita brecha para reclamações ideológicas imbecis.

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Até agora, a série não parece ter pressa, ela segue um fluxo calmo e às vezes até contemplativo. Uma calma de quem calcula cada passo com cuidado, com cada golpe preciso, assim como sua protagonista. Portanto, a primeira impressão é de puro alívio. Com exceção de Andor, Star Wars andou por mal bocados nos últimos tempos. Se a série finalizar no mesmo nível que começou, ela canoniza Dave Filoni como chave para o futuro da franquia. 

 

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