Análise | A Fold Apart

Produzido pela Lightning Rod , A Fold Apart foi lançado em abril deste ano propondo uma história de amor com todos os seus altos e baixos, que devem ser resolvidos por meio da intervenção do jogador ao dobrar ou desdobrar cenários, fazendo jus ao título do jogo. Porém, nem tudo agrada em meio a tantas dobras de papel.

Jogabilidade

O ponto alto de A Fold Apart é a jogabilidade. A mecânica central do jogo resume-se a dobrar papel, e acredite: você vai dobrar papel muitas e muitas vezes até concluir o jogo. Cada ambiente conta com um desafio ou puzzle que deve ser resolvido por meio das dobras de papel. Conforme o jogador avança no jogo, novas possibilidades de dobra vão sendo desbloqueadas. (Ex.: Se antes você só podia dobrar na horizontal, no próximo capítulo você aprende a dobrar na vertical e assim por diante).

Como A Fold Apart foi lançado para várias plataformas, incluindo celulares, o jogador poderia optar por usar um controle tradicional de consoles ou usar a touchscreen para interagir com o ambiente e realizar as dobraduras. Porém, as mecânicas não funcionaram tão bem com o toque na tela quanto com um controle. Esperava que pelo fato da touchscreen oferecer mais liberdade de possibilidades ao jogador, ela funcionasse melhor, mas ao contrário disso, os comandos eram muito menos precisos do que ao usar um controle analógico.

Arte

A arte do jogo é simplesmente incrível, desde os designs dos personagens até a composição dos planos de fundo. A escolha das cores e a forma como o cenário muda conforme o estado emocional dos personagens se altera foi uma ideia muito bem aplicada para a história que os desenvolvedores queriam contar. Quando uma das personagens se deparava com um dilema emocional interno, o cenário desmorona ou algumas partes entram colapso. Quando eles resolvem seus problemas consigo mesmo, os cenários se reconstroem a adquirem um ar mais positivo.

Gráficos

Apesar da arte de A Fold Apart ser linda, os gráficos deixam a desejar. O título foi jogado em um iPhone e um Macbook, e em ambos a performance gráfica deixou a desejar. Com polígonos e linhas mal definidas em alguns elementos do cenário e nas próprias personagens, prova que a desenvolvedora deveria ter polido melhor o jogo. Por mais que se trate de um jogo árcade, não custava nada ter se empenhado um pouco mais na qualidade visual, não é mesmo?

Trilha Sonora

Mais um ponto positivo para o jogo. A Fold Apart conta com uma trilha sonora que depende em peso do piano, com ritmos calmos e melancólicos, que em conjunto com os planos de fundo, retrata com maestria os pensamentos e sentimentos de cada personagem. Apesar de ser focada no piano, as músicas não são enjoativas ou repetitivas demais. Mais uma boa jogada da desenvolvedora.

História

Bem, por que deixar a história por último? Porque, ao mesmo tempo que a história é o motor de A Fold Apart e possivelmente o motivo de despertar o interesse em seus consumidores, ela consegue ser igualmente terrível, repetitiva e maçante.

A história gira em torno de um casal, o homem é arquiteto e a mulher é professora. São dois opostos, tanto em design (homem azul e mulher vermelha) quando em preferências (O homem gosta da cidade, enquanto que a mulher prefere sua cidadezinha rural e cercada pela natureza). Uma observação, as personagens não têm nome.

O plot começa quando o homem recebe uma proposta de elaborar o design de um novo monumento para uma cidade. Ao conversar com seu par, eles decidem que ele deve ir e realizar seu sonho, afinal de contas, é uma oportunidade única e ambos entendiam isso. Então separados, começam os problemas dos personagens e também os problemas da história.

Ao longo da narrativa as personagens interagem entre si trocando mensagens pelo celular. Uma conversa que começa fofinha e cheio de “eu te amo” logo se transforma num pesadelo pessoal para cada personagens, que a cada mensagem conseguem distorcer completamente o que o outro quis dizer. Algumas distorções fazem sentido e você até simpatiza com a preocupação das personagens, mas ao longo do jogo a repetição se torna maçante e as preocupações das personagens perdem peso e transformam-se em paranoia.

A “tensão” inicial da obra se perde a tal ponto que faz com que o jogador perca o interesse na história, algo que deveria ser o carro chefe do título até o final. E para completar com “chave de ouro”, o final é mal resolvido. Como em um passe de mágica as personagens voltam a se entender sem nem mesmo dialogarem entre si para resolverem suas pendências.

Considerações Finais

A Fold Apart tem uma proposta interessante por abordar o tema sobre relacionamentos amorosos e colocar o jogador como uma espécie de “terapeuta” que guia as pobres almas atormentadas do jogo em direção a uma solução. A jogabilidade é boa mas a história deixa a desejar. Os pontos altos ficam por conta da trilha sonora, arte, design de personagens e mecânicas de gameplay.

A análise foi feita com uma assinatura do Apple Arcade em um Macbook e um iPhone

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