Nossos Filmes Favoritos de 2021

O ano de 2021, também conhecido como 2020 – Parte 2, não foi nada fácil. Não houve um momento de paz sequer e a cada dia parecia que estávamos mais perto do fim da humanidade, seja por desastres naturais, empresas construindo um oligopólio ou líderes políticos tentando nos matar. Porém, para a sétima arte em quesito qualidade de filmes lançados, foi um ótimo ano.

É por isso que alguns membros da Torre de Controle se juntaram para falar um pouco sobre seus filmes favoritos de 2021. Alguns longas só estreiam nos cinemas brasileiros nesse ano de 2022 e outros não estão disponíveis nos serviços de streaming no momento, então caso você se interesse por algum desses filmes e esteja lendo esse texto algum tempo depois da publicação, fica a dica do site JustWatch, guia de plataformas que é atualizado diariamente.

 

Lucas “Diesel” Silva

Evangelion: 3.0+1.01 – Thrice Upon a Time

Direção: Hideaki Anno

Roteiro: Hideaki Anno

Quando pensava em Evangelion, a primeira coisa que vinha à mente era dor. A dor de não saber me relacionar com o outro, dor de não saber quem sou, a dor de falhar. E por mais que eu goste muito dessa história, falar a respeito só trazia a dor da última cena de The End of Evangelion: violência. Há um enorme contraste com o tom positivo do fim do animê que, na época, foi rechaçado pelos “fãs”, que inclusive ameaçaram de morte o criador, pois ele teria “abandonado” a obra ou “terminado de qualquer jeito”.

Evangelion toca vários temas, mas especificamente os filmes Rebuilds (ao todo são quatro, sendo Thrice Upon a Time o encerramento), são sobre ciclos. Enquanto o segundo filme é sobre isolamento e o terceiro aborda conexões, o quarto longa consegue tocar todas as faces de Evangelion.

Quando eu pensava em Evangelion, eu lembrava da dor.

Agora com Thrice Upon a Time, o encerramento da franquia, eu vou lembrar que além da dor, há esperança.

Cabeça de Nêgo

Direção: Déo Cardoso

Roteiro: Déo Cardoso

Cabeça de Nêgo nos conta, pelo menos inicialmente, a história de Saulo (Lucas Limeira), um jovem estudante do Ceará que se coloca como força transformadora em uma escola pública.

Digo inicialmente, pois Cabeça de Nêgo consegue construir e nos mostrar um jovem carismático em batalha, ao mesmo tempo em que vai muito além desse personagem, distribuindo sua força para todos os outros alunos daquela escola, jovens que em qualquer outro filme seriam só plano de fundo.

O filme tem um ritmo simples por boa parte de sua duração e pode aparentar ter uma direção simplista, alguns diriam até óbvia, mas é justamente por desenvolver essa história tomando tração aos poucos que a conclusão do filme é tão poderosa.

Apesar da bela metalinguagem envolvendo câmeras, a batalha de Saulo para olhos desatentos pode parecer vazia, boba, sem foco. Afinal, sua revolta é com o racismo, com o descaso da elite ou com a manipulação de peões como ele? É aí que se engana quem acha que essas são questões diferentes. Cabeça de Nêgo é um filme sobre luta, e mais do que isso, é um filme que te convida a lutar também.

Menções honrosas: Ataque dos Cães (Jane Campion), Spencer (Pablo Larrain), Inside (Bo Burnham), O Último Duelo (Ridley Scott) e Judas e o Messias Negro (Shaka King)

 

Tiago Rodrigues

Noite Passada em Soho

Direção: Edgar Wright

Roteiro: Krysty Wilson-Cairns, Edgar Wright

2021 foi o ano onde assisti muitos clássicos e filmes de outros anos, mas tive algumas boas experiências com os lançamentos. Um dos que mais me marcaram foi Noite Passada em Soho, filme dirigido por Edgar Wright, o cara por trás de filmes como Baby Driver, Todo Mundo Quase Morto, Scott Pilgrim e outros.

Além de eu gostar muito de seus filmes, o principal motivo do meu interesse por Noite Passada em Soho foi por ser o primeiro filme do diretor na categoria terror. Eu não vou contar muito sobre a trama, pois pode estragar a experiência, mas adianto que valeu a pena.

O que posso dizer é que o filme conta a história de uma jovem buscando o seu sonho no mundo da moda, mas que no caminho consegue “viajar” para os anos 60 e sentir a experiência da época. O filme então se torna um suspense psicológico com diversos dilemas dos anos 60.

Noite Passada em Soho me ganhou por vários motivos e me senti de forma parecida com quando assisti Cisne Negro, um desconforto com o que estava assistindo, mas, ao mesmo tempo, um interesse muito grande no desfecho daquilo. A parte visual é impecável e Anya Taylor-Joy rouba a cena sempre que aparece.

Para finalizar, tenho que dizer que a forma como o terror é colocado na história é muito interessante e gera uma boa discussão sobre abusos e vingança.

Menção honrosa: Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (Destin Cretton)

 

Edisson Schwartzhaupt

Drive My Car

Direção: Ryusuke Hamaguchi

Roteiro: Ryusuke Hamaguchi, Takamasa Oe

Alguns dos melhores filmes de 2021 só chegarão nos cinemas brasileiros em 2022, mas já recebem atenção por serem aclamados criticamente. É o caso do drama Drive My Car de Ryusuke Hamaguchi, diretor de Asako I & II (2018) e sua mais recente antologia Roda do Destino (2021). Drive My Car é a adaptação de um conto do escritor japonês Haruki Murakami, uma tarefa realizada anteriormente nos cinemas em Tony Takitani (2004) de Jun Ichikawa, Norwegian Wood (2010) de Tran Anh Hung e no brilhante Burning (2018) do diretor sul-coreano Lee Chang-dong. E o filme faz um bom trabalho, visto que ganhou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes.

O longa conta a história do diretor e ator de teatro Yusuke Kafuku (Hidetoshi Nishijima), dois anos após perder sua esposa. Vivendo um momento de vazio por conta da perda, e cheio de indagações – usual dos personagens de Murakami -, Yusuke acaba conhecendo Misaki Watari (Toko Miura), uma motorista encarregada de cuidar do seu carro enquanto o mesmo trabalha em uma nova peça. Drive My Car possui uma narrativa profunda emocionalmente e enigmática em suas reflexões, explorando a relação de Yusuke com Misaki, ao mesmo tempo que o diretor confronta seu passado com sua falecida esposa Oto (Reika Kirishima).

 

Licorice Pizza

Direção: Paul Thomas Anderson

Roteiro: Paul Thomas Anderson

Dirigido pelo aclamado diretor norte-americano Paul Thomas Anderson, Licorice Pizza é um retorno à San Fernando Valley de 1973, e conta a história do jovem ator de 15 anos Gary Valentine, quando o mesmo se apaixona por Alana Kane (Alana Haim), uma garota de 25 anos. A história aborda o romance entre os dois, ao mesmo tempo que fala sobre cinema ao retratar o sucesso de Gary como ator.

Com uma pitada de drama e com um humor trágico, Licorice Pizza se passa na década de 70, assim como bons títulos da cinematografia de PTA, como a sua obra-prima Boogie Nights (1997) e o seu recente neo-noir de chapado Inherent Vice (2014). E Licorice Pizza mantém o nível de qualidade, ganhando diversas nomeações para premiações, com destaque para a atuação de Alana Haim. O longa estreia nos cinemas brasileiros no dia 17/02.

Menções honrosas: Duna (Denis Villeneuve), 007 – Sem Tempo Para Morrer (Cary Fukunaga), Titane (Julia Ducournau), Ataque dos Cães (Jane Campion) e Reze pelas Mulheres Roubadas (Tatiana Huezo).

 

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