Análises
Análise | VASARA Collection – Os fliperamas estão de volta
VASARA Collection foi lançado em 14 de agosto deste ano em meio digital para PS4, Xbox One, Switch, PC e PS Vita pela QUByte Interactive, estúdio sediado em São Paulo, que já publicou e desenvolveu diversos jogos, com destaque para o excelente 99vidas – O Jogo. A QUByte anunciou em 2018 que havia adquirido os direitos da franquia VASARA da Visio Corporation. Mas do que essa franquia se trata?
VASARA foi lançado originalmente nos fliperamas (ou arcades se preferir) japoneses em 2001, e sua sequencia, em 2002. São clássicos shoot’em up (shmup), mais especificamente bullet hells, com rolagem vertical e gráficos pré renderizados, bastante aclamados na sua terra natal mas praticamente desconhecidos no resto do muno. Mas podem ser considerados como verdadeiras hidden gens? É isso que você vai conferir nesta análise.
Imagine-se na época do Japão feudal, logo no início do período Edo (século XVII) e seus xoguns e samurais. Agora, pense em mechas (não de cabelos, mas robôs gigantes!), misture um pouco com Star Wars e seus sabres de luz e temos o inusitado VASARA.
Em uma versão alternativa do Japão em 1660 D.C., após a morte de Toyotomi Hideyoshi, as hordas robóticas malignas de Tokugawa leyasu tentam tomar o poder. Sua missão, pilotando uma moto voadora e na posse de sua poderosa katana é confrontar o batalhão de Tokugawa e pará-lo a qualquer custo! Lute contra navios de guerra, tanques de batalha, robôes gigantes e uma maligna legião de soldados!
Neste relançamento, o primeiro VASARA, assim como sua continuação, contém diversas opções de configuração, desde o número de vidas iniciais (até cinco), bombas (até três), dificuldade (fácil ou difícil), suavização dos gráficos (smooth ou sharper), modo Free Play (com continues infinitos), modo Insert Coin (cada continue custa uma ficha, mas sempre dá para adicionar mais uma com um botão), dentre outras, como todo port de jogos de fliperama deviam ter, tornando-os mais acessíveis para os jogadores atuais ao mesmo tempo em que preserva os jogos originais para queles mais puristas. Temos ainda a opção de posicionar a tela no centro, à esquerda ou à direita, pois o aspect ratio da tela dos jogos originais é 3:4 (como uma TV de tubo deitada), podendo-se ativar as bordas com artes dos personagens do jogo ou deixar apenas um fundo preto.
A execução de VASARA foi perfeita, juntando o que o gênero shoot’em up tem de melhor, acrescentando uma ambientação única, mechas (tudo fica melhor com robôs gigantes), uma enorme variedade de inimigos, chefes e sub-chefes bem originais e desafiadores, uma jogabilidade extremamente fluída, múltiplos finais e ataques especiais corpo-a-corpo que também defletem os projéteis inimigos (uma inovação para este gênero). Outra característica única é a caixa de colisão (hit box) do jogador: somente se o personagem for atingido é que se perde uma vida, ou seja, os tiros não atingem sua moto voadora, entretanto os inimigos podem colidir com sua possante e lhe empurrar, incentivando-o a usar os ataques melee para afastá-los.
VASARA pode ser jogado em modo cooperativo por duas pessoas. Temos ainda três personagens selecionáveis, cada um com sua própria campanha, armas e ataques especiais, além de velocidade e resistência únicas. O tiro normal recebe upgrades com a coleta de power ups e variam conforme o personagem escolhido. Temos ainda os especiais (ou bombas), que também são coletadas ao longo das fases e o ataque VASARA que pode ser utilizado quando a barra de especial fica completa (é bastante poderoso, por isso guarde para os chefes e sub-chefes).
VASARA 2 pegou a mesma fórmula do antecessor e a refinou. Os ataques especiais (bombas) foram suprimidos, temos mais fases (seis no modo fácil e doze no modo difícil), mais personagens selecionáveis (quatro agora) e é um jogo bem mais desafiador que o anterior. Outra alteração marcante foi o posicionamento dos inimigos e chefes que aumenta a importância dos ataques corpo-a-corpo.
Acha que acabou? Não! Ainda temos cereja do bolo: um novo modo de jogo, o Timeless Mode, que une os personagens, inimigos e fases dos primeiros jogos em um ambiente 3D, com jogabilidade mais atual (que inclui dash), fases aleatórias, tela cheia e suporte para até quatro jogadores, contando ainda com rankings globais e locais, remetendo as telas de classificação das máquinas de fliperama. Neste modo ainda temos mais um personagem extra, que é desbloqueado ao finalizar VASARA 2.
Neste modo, que pode ser considerado um jogo novo, toda a ação ocorre de forma mais lenta e com mais espaço para a movimentação do jogador, deixando assim, de ser um verdadeiro bullet hell. Não tivemos acesso ao modo multiplayer por motivos de “falta de amigos”, mas aparenta ser bem mais divertido que o modo solitário.
A trilho sonora é um espetáculo a parte, misturando musicas tradicionais japonesas com música eletrônica, casando perfeitamente com a ação frenética na tela.
Respondendo a pergunta inicial: Sim, VASARA e VASARA 2 são verdadeiras hidden gems. Dois jogos excelentes que mereciam o relançamento nas plataformas atuais.
VASARA Collection é para todo jogador que viveu ou ainda vive na época dos fliperamas. É também para aquele jogador casual que quer apenas sentar, jogar e relaxar por uns minutos. VASARA Collection está disponível para Xbox One, PS4, Switch, PC e PS Vita. As versões de Switch e PS Vita tem suporte ao modo vertical. A coletânea também foi lançada em mídia física para PS4, PS Vita e Switch pela Strictly Limited Games, no entanto, no momento da publicação desta análise, encontravam-se esgotadas.
Esta análise foi feita com uma cópia gentilmente cedida pela QUByte Interactive rodando no Xbox One S.
OBS: Durante a realização desta análise no Xbox One, o Ranking Global, acessado ao final das partidas, não carregava, sendo necessário fechar e reiniciar o jogo. Este bug já está sendo corrigido pela equipe da QUbyte em conjunto com o pessoal da ID@Xbox, conforme anunciado no Twitter. Por enquanto, aos jogadores do Xbox One, recomenda-se desativar o Ranking Global e usar apenas o Ranking Local para evitar este problema.
Atualização (24/08/2019): Bug resolvido! Então manda bala!
A primeira vez foi com Golden Axe, tão pequeno que precisava usar um banco para alcançar os controles do fliperama. Passou por todas as gerações de consoles e joga no PC desde 199. Fã de RPGs, jogos de corrida, indies e qualquer jogo com uma boa história.