Análises
Análise | The Medium – Dois Mundos, Uma Realidade
Introdução
Fazia muito tempo que um jogo de terror/horror não me prendia do começo ao fim e me imergia em sua atmosfera. The Medium se tornou facilmente um dos jogos do gênero mais queridos para mim. O título foi lançado dia 28 de Janeiro exclusivamente para Xbox e Windows. Vale ressaltar que a equipe desenvolvedora de The Medium também é responsável pelo título Observer: System Redux (título muito querido pela mídia). Confira abaixo o trailer de lançamento de The Medium:
Uma Garota, Dois Mundos
“Tudo começa com uma garota morta”, assim começa o conto de Marianne, nossa querida protagonista. Marianne é uma médium, um indivíduo capaz de enxergar e interagir com o sobrenatural.
A história começa com Marianne fazendo os preparatório para o enterro de seu pai adotivo, Jack. Ao preparar os ritos fúnebres para seu querido pai, Marianne é surpreendida pelo espírito de Jack, que estava muito preocupado com o fato de não estar mais presente e com o bem estar de sua “garotinha”.
Nesse momento, o jogador descobre que Marianne não só é capaz de interagir com o sobrenatural, mas como de oferecer descanso e paz a almas que ainda não fizeram a travessia para o além.
Ao enviar seu pai adotivo para o descanso eterno, Marianne recebe uma ligação misteriosa na funerária de sua família. Um homem chamado Thomas liga em tom de desespero, pedindo a ajuda de Marianne. Inicialmente nossa protagonista assume se tratar de um trote ou pegadinha, mas o homem consegue despertar seu interesse ao falar que sabe quem e “o que” ela é, e como seus poderes surgiram.
Intrigada com a ligação, Marianne parte rumo ao delapidado e abandonado hotel Niwa, onde Thomas instruiu que se encontrassem. Chegando lá, Marianne descobre que algo maligno espreita o antigo hotel e que algo terrível aconteceu no passado. A fim de descobrir o que aconteceu no hotel e como tudo se liga a ela, Marianne então inicia sua jornada “horripilante” pelos quartos abandonados do Niwa.
“Estou no Limbo?”
The Medium funciona como dois jogos rodando ao mesmo tempo em telas divididas. Conforme a protagonista explora o hotel, o jogador se depara com certos ambientes que “tem uma história pra contar”, e então a tela se divide em duas: metade para o plano físico e material e metade para o plano astral e espiritual.
Essa divisão de “planos” me lembrou bastante o que a Ninja Theory fez em DmC com o Limbo. O plano astral equivale ao material, mas com algumas diferenças: como a presença ou ausência de portas, ítens e colecionáveis. Para avançar no plano astral, é necessário ser capaz de avançar no material, e vice-versa.
A ideia do jogo é justamente colocar o jogador nos sapatos de Marianne, que não está completamente presente no mundo físico e nem no mundo espiritual.
Para atravessar pelos ambientes, a protagonista conta com um arsenal de habilidades espirituais, como: a capacidade de se desprender do corpo, o uso de escudos e descargas de energia. Para usar as habilidades, o jogador deve recarregar a energia em focos de “energia positiva”.
Além dos poderes de Médium, Marianne pode interagir com o ambiente descobrindo cartas, anotações e ecos do além. Todos os colecionáveis contribuem significativamente para a narrativa e fornecem informações valiosas ao jogador. Além disso, a protagonista deve resolver puzzles em certos locais para avançar na história.
Os puzzles em geral são bem simples, mas bem elaborados. Em alguns momentos Marianne tem de drenar a água de um sistema de bombeamento, restaurar a energia dos ambientes ou providenciar formas para que o seu corpo físico possa atravessar os ambientes.
Incluídos nos puzzles, mas que considero mais como um perseguição frenética, está o ponto alto do jogo: “o monstro”
The Maw
Assim como todo bom jogo de terror, precisamos de um monstro ou entidade medonha para The Medium. Esse monstro se chama The Maw e é um dos maiores mistérios do hotel. De onde ele veio? O que ele quer?
Logo após o primeiro encontro com ele, Marianne escapa e assume estar segura. Isso até o monstro seguir ela do mundo espiritual para o mundo real, para grande choque da protagonista. A partir daí o monstro ou “homem-mariposa”, como gosto de chamá-lo, começa a perseguir Marianne por todos os lugares do hotel, sempre repetindo que quer “vestí-la”.
Acredite, ele é bem medonho mesmo. E tem até partes que é possível ficar bem tenso, uma vez que não é possível enxergar o monstro no mundo real e só podemos assumir onde ele está por distorções do ambiente. Além disso, muitas vezes precisamos segurar a respiração de Marianne para não fazer barulho.
Pontos Negativos
Apesar do jogo ter ressoado muito bem comigo, nem tudo me agradou. Os principais pontos negativos são a câmera, os pontos de interação e o desfecho da narrativa.
A câmera é fixa. Se é fixa, não podemos olhar para cá ou para lá ao nosso bel prazer. Por um lado, isso ajuda muito nas cenas de perseguição, já que o jogo consegue orientar bem para onde temos que ir. Porém, o fato dela ser fixa atrapalha a exploração de ambientes e visualização de pontos chaves nas salas.
Em relação aos pontos de interação, algumas vezes o jogo não deixa claro como acessá-los ou interagir com eles. Muitas vezes em cenas de perseguição, o que pode custar a vida da protagonista e daí temos que recomeçar muitas vezes de um checkpoint não tão próximo.
Por último, o que considero o mais importante deles, é o desfecho inconclusivo da narrativa. A história acerta em tudo. Ela explica todos os porquês, quando e como. No entanto, deixa “no ar” o que aconteceu no final. No caso o jogo não apresenta a solução para o problema do hotel de forma clara e deixa uma espécie de “cliffhanger”.
Se o desfecho foi intencional para alavancar uma continuação, não é possível saber. Se essa foi a intenção, parabéns Bloober Team! Vocês conseguiram me deixar mais interessada ainda numa continuação.
Desempenho
Antes de adentrar nesse tópico, vale ressaltar que NÃO vou punir o jogo pelo desempenho, afinal estava usando um notebook gamer de entrada abaixo das configurações mínimas exigidas pelo jogo.
Esse tópico foi um dos mais polêmicos em outras análises. uma vez que o jogo não apresentou desempenho satisfatório nos consoles. O que aconteceu comigo?, vocês me perguntam. Bem, como o jogo não focado em ação e sim em exploração, apesar do meu hardware ser “inadequado”, o jogo rodou bem. Os únicos problemas de desempenho visíveis apareceram nos momentos em que ambas as realidades apareciam na tela, afinal é como se o computador rodasse dois jogos ao mesmo tempo.
Porém, com essas especificações mínimas altas, fica o alerta para a galerinha do PC, já que o que era considerado aceitável como entrada está ficando obsoleto rapidamente.
Arte e Trilha Sonora
A direção de arte e de som são dois pontos altos de The Medium. A arte é única tanto para o mundo real quanto para o mundo espiritual. O mundo real é frio, decrépito, caindo aos pedaços e escuro. O mundo espiritual é grotesco, medonho, assustador. Além disso, Marianne assume uma nova aparência no mundo espiritual, então: dois designs de personagem diferentes.
Fora a arte, a sonoplastia do jogo é impecável. Todas as faixas e até mesmo os silêncios são intencionais e conseguem transmitir medo, terror e tensão com maestria.