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Análise | Death’s Door – Morra e Deixe Morrer

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Análise | Death’s Door – Morra e Deixe Morrer

Aceitar nossa mortalidade é essencial para viver plenamente. Em Death’s Door você experimentará a morte diversas vezes. E vai se divertir muito fazendo isso.

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Os covardes morrem várias vezes antes da sua morte, mas o homem corajoso experimenta a morte apenas uma vez”, disse William Shakespeare outrora. Não é bem esse o caso em Death’s Door, o novo game dos criadores de Titan’s Souls publicado pela Devolver Digital. Aqui você experimentará a morte por diversas vezes – além de ser responsável por trazê-la a várias almas perdidas num mundo esquecido pela morte. E não só precisará da sua coragem, como também irá se divertir muito fazendo isso.

O trailer de anúncio do game estabelece a premissa

Bate, Bate, Bate na Porta da Morte

Diversas mesas desocupadas, alguns funcionários adormecidos, outros assistem TV… Você sequer é barrado no detector de metais que apita com sua chegada. Apenas os sons das teclas de máquinas de escrever ecoam pela monótona e monocromática Sede do Comitê dos Ceifadores – seu local de trabalho. Porém, esse tédio está prestes a ser quebrado quando um novo pedido surge para você, pequeno corvo: ceifar uma alma gigante. E estava tudo dando certo, até que a situação se complicou. Antes que você pudesse coletar a alma requisitada, uma figura misteriosa te ataca e rouba ela de você. Agora só resta procurá-la por um mundo mórbido e hostil, habitado por criaturas cujas almas já passaram do prazo de validade.

Apesar dessa premissa, contudo, Death’s Door tem muito mais coração do que sua superfície aparenta, oferecendo uma experiência desafiadora, porém não punitiva, cheia de personagens carismáticos prontos para te ajudar em sua missão, além de muito bom humor e esperança mesmo numa realidade desoladora.

E isso é, de certa forma, uma surpresa inesperada. Não só vindo de uma cultura de games “pós Dark Souls” e os inúmeros outros jogos extremamente difíceis que o sucederam, mas também do próprio título anterior do estúdio – Titan’s Souls – outro game conhecido por sua dificuldade elevada. Nele, o jogador enfrentava diversos (e apenas) chefões usando uma única flecha, além de morrer também com apenas um golpe. Death’s Door é uma espécie de sucessor espiritual e continuação de seu predecessor; Porém, mais do que isso, é também uma expansão das capacidades e aspirações do estúdio, oferecendo uma experiência que acrescenta em todos aspectos e recursos de sua obra. E isso acaba por trazer algumas mudanças.

O Comitê dos Ceifadores funciona como um hub em Death's Door
As muitas portas do game também funcionam como um sistema de “fast travel”

Maior, melhor e menos difícil?

As maiores qualidades presentes em Titan’s Souls ainda se encontram aqui – e melhores. Death’s Door possui uma jogabilidade extremamente fluida, inimigos desafiadores, um mundo e ambientação envolventes e uma trilha sonora arrebatadora (inclusive com algumas músicas que fãs do game anterior irão reconhecer).

Mas o estúdio também expandiu suas ambições. O jogo agora possui diferentes armas e habilidades de curto e longo alcance e upgrades para o protagonista em seu gameplay, os inimigos não se resumem a apenas chefões, mas há uma grande variedade de adversários menores pelo caminho – além de várias outras figuras bizarras e carismáticas com quem você pode interagir, conversar e que auxiliam em sua jornada – seu visual é completamente 3D, com muito charme e outras melhorias que isso trás – como movimento de câmera, profundidade de campo… Mas ser um jogo maior e melhor que Titan’s Souls não significa que Death’s Door é também um jogo mais difícil. Na verdade, é o oposto disso.

Expandir o seu game para outros horizontes também significa abri-lo para outros públicos em potencial. Não mais estar munido de apenas uma única flecha e enfrentando apenas chefões – limitações de escopo de um estúdio menos experiente – acaba trazendo uma nova dimensão a experiência como um todo. Da mesma forma que Titan’s Souls estava mais para Dark Souls por sua dificuldade elevada, Death’s Door está para The Legend of Zelda pelo formato que seus desenvolvedores resolveram dar para o game, agora que este possui mais recursos e ferramentas para trabalhar. Ser punitivo não é mais uma necessidade para atrair um público específico.

Fãs de Titan Souls reconhecerão essa área em Death's Door
Os desafios permanecem, mas a punição ao erro é bem menor

Não entenda isso como se Death’s Door fosse um jogo fácil; Como disse no início, você ainda irá morrer diversas vezes pois seu combate permanece desafiador, e também irá precisar explorar muito se quiser descobrir todos os segredos escondidos pelo mundo do game. Porém, aqui não há tantas limitações que enfraquecem o jogador, ou punições excessivas pelos seus erros.

Você não perde nenhum recurso quando morre, os “save points” são muito bem espaçados, e você nem precisa se preocupar em economizar – na verdade deixo até o incentivo para que você gaste tudo o que tem sempre que puder. Existe até mesmo um personagem em específico que te oferece algumas dicas sobre onde encontrar tesouros escondidos. 

Tudo aqui é muito bem equilibrado, cheio de carisma, bom humor e estilo, além de um polimento primoroso em cada uma das mecânicas e recursos. Em meio a uma realidade sombria dentro e fora do jogo – em relação a sua temática e também as referências e expectativas de jogadores acostumados com jogos Soulslike – Death’s Door é como se a morte lhe fizesse um carinho: “Vai ser difícil me encarar mas pode ir sem medo. Vai ficar tudo bem”.

Death's Door possui diversos NPCs
Não só inimigos habitam o mundo de Death’s Door – figuras amigáveis também

Memento Mori

Logo, ajustando suas expectativas corretamente, é seguro dizer que Death’s Door é um prato cheio para quem procura um bom desafio, uma aventura divertida, uma experiência envolvente e especialmente para os fãs de Titan’s Souls. Sua duração é perfeitamente satisfatória (entre 10 e 16 horas de jogo), e vale a pena explorar cada centímetro desse universo e história sobre aceitar a morte e, consequentemente, a vida. 

Contudo, o game também deixa um gostinho de quero mais – especialmente para quem esperava desafios mais altos como em seu predecessor, que podem sair um pouco desapontados. Seu combate é tão satisfatório  e sua apresentação tão bem polida que poderiam haver algumas opções pós-jogo para os mais experientes – como um “Modo Hard”, por exemplo.

Dito isso, pode juntar sua coragem e ir sem medo. Experimente a morte quantas vezes precisar e tente mais uma vez. Leve a morte às almas perdidas do Reino Proibido – tanto as que tentam evitá-la quanto as que anseiam por ela. Desvende os mistérios por trás desse universo sombrio e faça vários amigos no caminho. Para mim, Death’s Door é o melhor e mais épico The Legend of Zelda que você vai jogar esse ano, e vale cada minuto do seu tempo de vida.

Alguns chefões de Death's Door são gigantescos
Vai sem medo

Death’s Door é exclusivo para as plataformas Microsoft Windows e Xbox.

Esse review foi feito com a versão de Steam usando uma build para reviews fornecida antecipadamente pela Devolver Digital. O reviewer completou 100% do game em cerca de 16h de jogo. Muito obrigado pelo apoio e confiança!

Formado em Design de Games pela Universidade Anhembi Morumbi e com mais de 5 anos de experiência como Motion Designer e Editor de Vídeo, já palestrou sobre GameDev e leva os joguinhos à sério por mais que sua mãe diga que não dá dinheiro (não dá)

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