Lançado em 2007, Encantada, se tornou um dos favoritos do público. O carisma de Amy Adams como a ingênua princesa Giselle, as músicas contagiantes e claro a historia que trazia um conto de fadas para a nossa amarga realidade. E depois de 15 anos, Desencantada, chega diretamente pelas telas do Disney+, porém assim como na vida da Giselle nem tudo da certo.
Totalmente desencantada
Alguns anos depois de seu feliz para sempre, Giselle percebe que a vida fora de Andalasia não é tão boa assim. Pensando que as coisas vão melhorar, ela acaba se mudando com a sua família para uma cidade de interior que lembra bastante o seu mundo fantasioso. Porém uma briga entre ela e Morgan, acaba desencadeando um feitiço, que se não revertido antes da meia noite, Giselle se tornará para sempre a Madrasta.
A direção de Adam Shankman faz com que a ótima premissa de Desencantada acabe sendo muito mal executada, pois a ideia de fazer com que Giselle se torne uma possível “vilã” para conseguir ser feliz acaba por se tornar algo sem graça e superficial. A trama acaba não empolgando e fica o pensamento de que um especial com 30min seria muito melhor do que um filme com 2 horas de duração.
Como no primeiro filme onde tínhamos dois personagens com visões diferentes e que acabaram no final juntos. Aqui Giselle e Morgan tomam lados opostos sobre a sua nova vida, onde Giselle tenta fazer de tudo para que a afilhada se sinta acolhida e Morgan… bom, é uma adolescente. Nada ajuda a entender a motivação da garota sobre as poucas ações tomadas, a não ser que ela está crescendo.
O que intriga também é como conseguiram deixar uma coisa tão simples, confusa. Lá pelo segundo ato do filme, é como se todos os roteiros de fãs tivessem sido lidos e cada dois parágrafos de cada um deles tivesse sido unido para formar a história de Desencantada. Muitas ideias são usadas para apenas dar espaço a personagens que eles quiseram colocar no filme. Sejamos sinceros, o pequeno plot do Robert é inútil e só toma tempo.
Quase um fiasco
Apesar de tudo, o que acaba não deixando o filme se tornar um fracasso por completo é o enorme e magnifico carisma de Amy Adam que salva por completo e faz essa confusão inteira ser considerada minimamente boa. Percebesse que ele está bem confortável de voltar a interpretar a Princesa Giselle, suas expressões caricatas, principalmente quando a “dupla personalidade” da personagem grita é de tirar ótimas risadas.
Ela faz você realmente se importar e se irritar ao mesmo tempo com as decisões da personagem, mesmo dentro de um roteiro que nem consegue se ajudar. E claro que ela não está sozinha nessa, o caricato trabalho de Maya Rudolph como Malvina chega a ser interessante e sua química com Adams até ajuda, mas infelizmente a personagem é só mais uma desculpa do roteiro, o que não da espaço total para a atriz crescer.
Quanto a Idina Menzel, Patrick Dempsey e James Marsden, deve dizer apenas que é bom ter eles de volta, mas nada muito extraordinário uma vez que o filme foca mais em Giselle e Morgan, deixando eles apenas com pequenos ganchos. Já a novata Gabriella Baldacchino consegue se sair bem e na medida do possível da vida a uma nova Morgan – e mais uma vez venho dizer que – onde o roteiro não da chance para a atriz soltar o seu potencial.
Tanto os figurinos quanto a direção de arte no geral do filme estão lindos, como agora temos uma cidade que vem a se tornar um reino de conto de fadas, o cuidado levado para deixar as coisas o mais modernas e medieval possível ficaram encantadores – desculpe o trocadilho. Assim como o 2D do filme, não é exatamente o que a gente queria, mas da uma aquecida no coração ver uma animação feita a mão, mesmo que por alguns pequenos segundos
Quanto a trilha sonora, acredito eu que o filme tenha tantas musicas quanto o primeiro e para um bom fã de musical isso é ótimo. Mas vale dizer que nenhuma é tão chiclete quanto “Como você sabe” ou “Essa feliz canção”, porém os solos de Amy Adam e o da Idina Menzel são dignos de serem ouvidos mais de uma vez, principalmente quando a nossa querida Elza solta o gogo em notas altíssimas.
Veredito
No fim das contas Desencantada não se torna um dos piores filmes lançados nesse anos de 2022 pelo grande carisma de sua protagonista que consegue deixar uma trama fraca com alguns momentos divertidos. Mas as decisões do diretor em misturar algumas coisas aqui e ali, além da leve corrida do roteiro no final do longa para resolver tudo deixam bem claro que Giselle preferira ter continuado em seu “Felizes Para Sempre” e não ter uma continuação um tanto quanto desastrosa.