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Análise | Resident Evil Village é deliciosamente aterrorizante

Resident Evil Village

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Análise | Resident Evil Village é deliciosamente aterrorizante

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“Boa noite, sua esposa está em casa?”

O oitavo game da aclamada franquia de Survival Horror finalmente está entre nós. Resident Evil Village foi lançado oficialmente dia 7 de maio e tenta repetir os acertos do último game e ampliar seu escopo com novidades que fizeram alguns fãs mais conservadores torcerem o bico ainda nos trailers. O ponto de partida se dá 3 anos após os eventos de seu antecessor, Resident Evil 7: Biohazard, e traz novamente Ethan Winters como protagonista juntamente com sua esposa Mia, que havia sido resgatada no último game e, com uma nova integrante na família, a pequena Rose.

É terror pra ninguém colocar defeito

A esposa acaba de ser assassinada diante de seus olhos e sua filha é levada pelo mesmo cara que, 3 anos atrás, os havia salvado das mãos dos Baker. Desacordado com uma coronhada na cabeça, acorda machucado após o carro que o transportava sofrer um misterioso acidente e o único caminho a seguir leva a uma vila sombria, com moradores devotos a uma figura autoritária numa seita bizarra, rodeado por licanos e inimigos aterrorizantes. Se isso não é uma sucessão de acontecimentos aterrorizantes, devo alertar: daqui pra frente só piora.

Excelente opção para passar as férias, não é mesmo?

A atmosfera e ambientação de Resident Evil Village são impecáveis, desde a entrada no Vilarejo até a exploração aos castelos, casas locais, cavernas, pântanos, tudo é feito com maestria e cria uma tensão e medo constante. O jogo está repleto de momentos tensos e jumpscares e, mesmo se passando majoritariamente durante o dia, o clima te deixa 100% do tempo apreensivo e preocupado com os arredores. A perfeição gráfica atingida pela RE Engine é louvável, a atenção aos detalhes no cenário, a beleza sombria dos ambientes, tudo cooperando perfeitamente para a criação de ambientes medonhos e assustadores. Nesse quesito fica também explícito o quanto o jogo bebe da fonte de sucesso que foi Resident Evil 4, ao adentrar na vila, os observadores mais atentos logo irão traçar os paralelos, e isso foi feito com muito esmero e de maneira muito positiva.

Tá bom, é assustadoramente belo, mas e a história?

Como foi brevemente supracitado, a premissa do game parece bem simples, porém, com o desenrolar dos acontecimentos somos expostos a uma trama complexa e com raízes nos primórdios e bases fundamentais de toda a franquia. Para se compreender a profundidade da história, tanto da principal quanto o background dos personagens que a permeiam, é importante a leitura de anotações e documentos encontrados durante a incursão, mas não se preocupem, eles não são demasiadamente longos ou maçantes, pelo contrário, enriquecem a lore e pode até fazer com que sua percepção sobre algum personagem mude.

Dito isso, é importante ressaltar um dos pontos altos dos trailers e que foi exaustivamente exaltado pelos fãs durante a campanha de marketing do jogo: Lady Dimitrescu e suas filhas.
Sim, ela está presente e é introduzida logo no início do game que, diga-se de passagem, é talvez o melhor início de game na franquia: aterrorizante, com batalhas de tirar o fôlego e uma sequencia de fuga incrível.

Lady Dimitrescu é, de fato, uma excelente vilã, mas não se deixe enganar pelos trailers, sua participação não dura todo o game, pelo contrário, seu tempo de tela é relativamente pequeno e, apesar de dar uma boa dor de cabeça ao te perseguir pelos corredores de sua mansão, não chega a incomodar tanto como o Mr. X o fez em Resident Evil 2 Remake. Até mesmo os confrontos com as filhas da Lady não são tão desafiadores quanto eu imaginei que seriam, apesar de bastante divertidos e aflitivos.
O lance de Village é sua grande diversidade de inimigos, e isso não apenas nos inimigos que enfrentamos durante as explorações e andanças atrás de itens e chaves, mas também entre seus chefões. Lady Dimitrescu é apenas uma dos quatro “filhos” da Mãe Miranda, a verdadeira vilã do jogo, e estão logo abaixo dela na hierarquia da Vila.

Os lordes da Vila. Pessoal bacana pra se comer um pão de queijo num domingo ensolarado.

Se você ainda não jogou e ficou um pouco chateado em saber que a gigante Dimitrescu não tem tanto tempo de tela, preciso lhe avisar que o tempo que lhe é conferido é o suficiente. Parece clichê, mas sua presença é tão intensa e marcante que dura o bastante para que o jogo permaneça com um frescor em sua gameplay, elevando os desafios, apresentando novos inimigos, novos cenários e permitindo experimentar variações muito positivas no confronto com os chefes.

Cada um dos lordes da Vila, os irmãos de Dimitrescu, possuem casas em diferentes ambientes e bem distintos entre si e, apesar de o caminho para chegar a eles passarem pelo centro da Vila, que é o ambiente mais “aberto” do game, o jogo mantém uma linearidade narrativa que te obriga a obedecer a sequência que ele se propõe, então a ordem que você enfrenta-os é ditada pelo roteiro do jogo. Isso não me incomodou de maneira nenhuma e acaba sendo justificado nos últimos atos da campanha, mas é compreensível que esse fator não agrade a maioria.

incrível o poder de mudar o ambiente que uma boa decoração tem!

Explorando um dos cenários dos Lordes de Mãe Miranda, tive uma das experiências mais aterrorizantes e assustadoramente deslumbrantes dos últimos tempos. O que o protagonista sofre e os terrores infligidos pelos vilões a ele são diversos e muito bem direcionados, as ações malignas são muito peculiares de acordo com a característica de cada vilão e, infelizmente, dizer mais que isso incorreria em spoiler e eu preciso me controlar, por mais empolgado que eu esteja.

Cada um dos novos cenários apresenta novos inimigos e, nesse aspecto, temos uma melhoria significativa em relação a Resident Evil 7, pois temos agora uma grande diversidade deles e, apesar de o jogo contar com um leve assistente de mira, a inteligência artificial desses inimigos bem como sua movimentação está tão bem trabalhada que esse recurso acaba nem sendo de tanta ajuda afinal.
Toda essa nova variedade de inimigos e diferentes tipos de mutações ainda deixa os fãs mais puristas com a pulga atrás da orelha, e quero dizer que não há muito fundamento para tal, haja vista que a reformulação se faz altamente necessária para manter a série longeva como ela merece, e em Village temos o apogeu de criaturas novas, sombrias e horripilantes.

incrível o que a decepção amorosa faz com a pessoa, não é verdade?

O ritmo da história é bem evolvente, em cada nova conquista fica claro a motivação em prosseguir, mas é preciso comentar sobre o frenesi que acontece nos últimos momentos do jogo, mas não se preocupe, vou me abster de spoilers apenas ressaltando que, mesmo sendo bem cadenciado durante toda a incursão, é no final que temos as verdadeiras explicações (ou a ausência delas) e que, intencionalmente ou não, acabam deixando alguns furos que incomodam um pouco, mas nada que comprometa seu entendimento geral do que está acontecendo.

Bondosas senhoras prestativas e solícitas, porém, sempre famintas.

A jogabilidade é bem fluida e, um excelente ponto positivo é o armazenamento de itens que também vai lembrar (bastante) a Resident Evil 4. O inventário pode ser ampliado e as armas podem ser melhoradas, há também um simplório sistema de criação de itens que, mesmo sendo bem básico, oferece uma possibilidade estratégica ao player, fazendo com que a decisão de quais recursos usar para determinados cenários seja particular e direcionada. Sabe aqueles itens que são imprescindíveis para o progresso no jogo? Pois eles não ocupam espaço no inventário principal, facilitando muito a gestão de inventário, já que não contamos com baús por aqui.

Pelo menos na dificuldade padrão do jogo, não senti que houve em nenhum momento uma escassez de balas, itens de cura, ou mesmo matéria prima para a criação de novos itens, porém, senti que o jogo dá o suficiente para que você não fique, em nenhum momento, confortável com a quantidade de recursos na mão.
Para conseguirmos melhorar as nossas armas, aprender como criar balas e vender os objetos que encontramos, contamos com o Duque, um mercador que além de uma criatura extremamente curiosa e carismática, tem um papel muito importante na trama e foi uma grata surpresa durante o gameplay. A moeda da região se chama Lei e é encontrada em lugares aleatórios do cenário, no loot deixado pelos inimigos mortos ou através da venda de objetos de valor que você adquire da mesma forma, ou buscando no cenário ou derrotando inimigos mais fortes.

Esse é o Duque, cara bem legal, meio careiro, mas é por conta da falta de competição no mercado local…

Porém senti falta de alguns puzzles mais complexos que sempre foram tradicionais em toda a franquia. Eles existem em Village, mas a impressão que tive é que são fáceis e intuitivos e estão ali simplesmente para não deixar morrer a tradição e saudosismo da franquia.
Apesar disso, é bem divertido desbravar novas áreas, buscar chaves e itens para somar a outros itens e abrir portas para cavernas e novas áreas exploráveis. A essência da jogabilidade permanece inalterada e está em sua melhor forma aqui.

E o desempenho?

Minha experiência com o game foi no Playstation 5 e posso dizer que foi primorosa, notei pouquíssimas quedas de frame rate e, mesmo em momentos com muitos inimigos em tela, o desempenho se manteve estável. Não há telas de loading entre os cenários nem entre cutscenes, tudo se desenvolve de maneira rápida e não há nenhum fator de desempenho que comprometa a imersão. Me peguei várias vezes admirando cenários, contemplando, pasmem só, paredes de tijolos. Ok, são só paredes, mas são as paredes mais lindas que eu já vi em um jogo.

Finalmente mostram o rosto do Ethan? (spoiler alert)

não há feitiçaria que faça a Capcom mostrar o rostinho do nosso protagonista. Curioso pra ver se precisa de uma harmonização facial.

Não, não mostram.

Conclusão

Brincadeiras à parte, Resident Evil Village é uma experiência que mescla o terror com a ação perfeitamente balanceados em cenários variados e imersivos, com um protagonista que ganha camadas a mais se comparado com o jogo anterior, mas que ainda peca em aprofundar a história de alguns novos personagens. Algumas críticas são feitas em relação a duração da campanha mas, ouso dizer que ela dura o bastante para não permitir que o game fique repetitivo e passe a interferir na percepção final do jogador, que não tem muito tempo para respirar e nem muitos momentos de exploração tranquila. O jogo acerta na narrativa e coloca o enredo no trilho, pavimentando o caminho que deverá ser trilhado nas próximas produções, e é aqui que ele se torna divisivo, tal qual foi o Resident Evil 4. É inegável que a franquia entrou em uma nova etapa desde Resident Evil 7 e, com Village, temos agora a confirmação de que a tendência é a inclusão de elementos que outrora seriam impensáveis mas que, se bem trabalhados, podem enriquecer muito e dar frescor ao que é uma das franquias mais sólidas no Mundo dos Videogames.

Resident Evil Village é um sopro de boas novas para os fãs de Survival Horror e Terror, título obrigatório para os amantes de jumpscares e que admiram o gore e as artes das trevas.

Este review foi feito com uma cópia do jogo para Playstation 5 gentilmente cedida em acesso antecipado pela Capcom.

Jogador de shooter, survival horror, horror games e todos seus sub-gêneros. Músico e fã de Queen, Muse e Avenged Sevenfold. Idoso de alma e amante de café.

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