Wakanda Forever (no original) chega com as difíceis missões de fazer um filme no nível ou superior ao seu original lançado em 2018 e continuar uma história sem o seu protagonista, Chadwick Boseman, que infelizmente faleceu em 2020. Porém é muito gratificante ver que o filme se mantém de pé apesar das dificuldades e entrega uma história madura sobre as diferentes formas de lidar com o luto em meio a guerra, seja ela pessoal ou um conflito entre nações. Ao mesmo tempo em que nos introduz a novos personagens que ao longo do tempo farão parte desse multiverso.
A perda e o recomeço
A forma em que o filme lida com a perda de T’challa – e acho que também podemos dizer do Chadwick – é simplória, porém absurdamente bonita e profunda a ponto de tocar o coração e fazer com que você sinta que também tenha perdido um familiar próximo. Ryan Coogler põe toda a sua força como diretor e faz uma cena cena inicial onde despeja todo o seu amor bruto em cima de uma despedida encantadora que acaba tocando nos pontos chaves para essa triste despedida.
Em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre vemos o luto ser tratado de diversas formas, seja ele dentro de uma cultura ou indo de pessoa para pessoa. Tudo graças a um roteiro maduro que tira o tempo certo para mostrar, dentro do que o longa quer propor, como cada personagem irá lidar com a perda de alguém muito próximo, porém seu trabalho é feito de forma em que não só conseguimos ver a reação das pessoas como também das nações.
Vemos Wakanda passando por conflitos externos agora que o seu salvador, o Pantera Negra, está morto e sendo assim eles começam a serem vistos como alvos fáceis para outros países que estão em busca do vibranium, antes uma especiaria achada apenas atrás dos muros invisíveis da cidade. Enquanto isso a própria nação está preocupada com o seu futuro, que agora se vê ameaçado por inimigos nunca antes enfrentados e que podem bater de frente com as Dora Milaje e todo os guerreiros do reino sem muito esforço.
O futuro?
Seguindo a mesma linha das outras produções dessa fase 4 do MCU, em Wakanda Para Sempre temos a introdução de novos personagens que logo irão integrar esse multiverso. O foco, claro, fica em cima de Namor o rei do reino submarino de Talocan. Desde a sua primeira aparição no filme, o personagem consegue segurar a atenção e curiosidade do publico sobre o que está por vir, a decisão de fazer uma mudança na origem do “Kulkulkan” foi o detalhe que fez com que o Namor ser o vilão do filme realmente funcionasse.
Tenoch Huerta transmite todo o sentimento de raiva que existe dentro do Namor por tudo que ele viu ao longo da sua vida, enquanto o seu povo se vê agora ameaçado, uma vez que o povo da superfície pode descobrir sobre a sua existência. A introdução de Talocan é bem breve e nada muito aprofundado é nos mostrado, a não o que levou aquele povo a se resguardar e agora ficar morando debaixo dos oceanos. Mas não vou mentir que chega a ser cômico os cidadãos submersos andando em cima de orcas e outras baleias o tempo todo.
Já quanto a Riri Willams, que ganhou vida graças a Dominique Thorne acaba ficando perdida em meio a tantos conflitos que o filme introduz. A personagem rouba sim a cena sempre que está ali, com piadas em momentos chaves do filme, mas se vê sem a sua própria chance de brilhar com uma aparição talvez precoce, mesmo que ela seja o ponto chave para que o filme possa continuar a caminhar. Faz lembrar a aparição do Pantera em Guerra Civil, sendo uma uma coisa que sim empolga, mas nada que realmente faça pleno sentido.
Fraquezas
Infelizmente o maior inimigo do longa é a sua duração, com quase 2h e 40min o filme fica perdido enquanto tenta desenrolar as subtramas. Percebesse logo de cara um malabarismo para que uma coisa vá encaixando na outra, com aparições desnecessárias de personagens e cenas grandes de mais em um segundo ato maçante que cansa a mente do espectador. E tudo o pior que o ritmo do filme cai exageradamente rápido com o passar do primeiro ato
Em outros casos é o desenrolar da trama que deixa a desejar. Pode parecer esperto ir misturando trama sob trama para que aquele que esteja assistindo acabe por esquecer, mas na verdade isso só faz mais perguntas nascerem e infelizmente pode ser que você saia com algumas sem resposta. E isso faz com que o próprio filme não saiba exatamente o que fazer para segurar a atenção durante o restante da duração.
Wakanda Para Sempre se vê muito como um filme politico, mas sem deixar de ter cenas de ação bem construídas. Desde a perseguição que leva a uma batalha solo da Okoye a grande batalha final, o filme nas decepciona no CG ou construção dessas cenas a não ser nos cortes brutos que talvez possam confundir. O que é engraçado, pois a montagem do filme funcionou muito bem até essa parte.
Veredito
No fim, são as atrizes que brilham e trazem a emoção que transborda a tela com destaque é claro para a grandiosíssima Angela Bassett que está excelente em sua atuação como Ramonda, sem duvidas uma das queridas para o próximo oscar. Já Letitta Wright e Danai Gurira não ficam muito atrás, sem medo de demonstrar a força e medo de suas personagens em meio a tantos acontecimentos em tela.
Com uma trilha sonora de arrepiar e um visual de tirar o folego, Pantera Negra: Wakanda Para Sempre agrada por fazer um filme no nível do primeiro, com uma carga emocional enorme e bem construída. Onde sem medo de mostrar todas as facetas do luto se encaixam quando não conseguimos mais segurar. Porém com pequenos deslizes acaba sendo o seu próprio inimigo, mas nada que impeça esse de ser o melhor filme da fase 4 e a melhor produção entregue pelo estúdio desde Ultimato.