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Análise: Call of Duty: Modern Warfare 2 (Modo Campanha)

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Análise: Call of Duty: Modern Warfare 2 (Modo Campanha)

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A franquia Call of Duty passou por bons e maus bocados na última década, porém, uma unanimidade é certa entre os fãs da franquia: Call of Duty: Modern Warfare 2, de 2009, é uma obra-prima do mundo dos shooters. Agora, a Activision centra suas forças em uma reimaginação do clássico, e pudemos jogar a campanha do game em antecipado graças a uma cópia gentilmente cedida pela publisher.

Call of Duty é creditado como uma grande fábrica de propaganda americana. O Modern Warfare 2 original colocava o jogador na pele dos icônicos Soap, Ghost, e claro, o Capitão Price contra impiedosos inimigos russos, como mandava o figurino. O grande pulo do gato era que o verdadeiro vilão, no fim das contas, era seu próprio general.

Em Modern Warfare 2 de 2022 mudamos dos russos para um iraniano chamado Hassan Zyani, que busca vingança contra os Estados Unidos após seu superior, o General Ghorbrani, ter sido assassinado em um bombardeio pela equipe comandada por Shepard; a agente da CIA, Kate Lasswell; e Ghost.

O game recicla a velha receita de bolo que pavimenta o mercado de ação hollywoodiano, ao contar a história do infame inimigo externo do Oriente Médio e sua imparável saga para encher a América de terror, como forma de retaliação. Para isso, Hassan tentará lançar três mísseis em direção ao país e obter sua vingança.

Com isso, o time formado pelos velhos heróis precisa correr para encontrar Hassan, impedir os mísseis e salvar, mais uma vez, seu país. Para isso, o game divide sua narrativa em duas frentes: uma com Soap e Ghost e outra com Capitão Price e Gaz; ambas coordenadas por Lasswell e Shepard na tentativa de acelerer a busca contra o terrorista.

Se em 2009 o game de destacava por conta do seu grande leque de missões recheadas com tiroteios intensos, locais diferentes, e momentos épicos, o reboot tenta beber dessa água e não obtém 100% de êxito. MW2 de 2022 tem uma boa variedade de missões para o jogador, inclusive, mudando muito o escopo de como elas se passam e até mesmo sua localização, realizando uma releitura interessante para o contexto mundial da atualidade.

O problema é que a campanha do novo Call of Duty é engessada. A primeira missão chega para trazer nostalgia em menos de 30 segundos ao fazer o jogador utilizar a famosa visão noturna com o barulho característica do game original. No entanto, embora comece bem, as missões que sucedem a história não tiveram polimento ou peso suficiente para me fazer ficar interessado no que estava na tela.

Uma missão stealth com um mergulhador  que mesmo desarmado tenta puxar o pé de todos os inimigos em um pier; brincar de pique-esconde com um tanque de guerra enquanto tenta acertar uma C4 no veículo; desarmar uma bomba enquanto foge de soldados no andar de um prédio e tenta craftar items. Escrevendo dessa forma pode realmente não parecer tão ruim, mas, na prática, e enquanto jogava meu game, nada disso fazia sentido na minha cabeça, ou melhor dizendo, algumas coisas até são bem palatáveis no mundo de Call of Duty, mas a execução é simplesmente medíocre.

Por outro lado, esse avanço mediano encontra um ponto de virada no que acredito ser, exatamente, a missão intermediária de MW2, e que logos depois, culminará na reimaginação da ótima investida contra um estaleiro e um navio infestados de inimigos, bem como no game original. Daí para frente as coisas começam a andar bem, chegando ao ápice do game com o melhor arco de toda aquela narrativa, envolvendo Soap e Ghost.

O game começa a desenvolver melhor os seus personagens através de um conflito específico, unindo aquela equipe para finalizar sua tarefa, e isso é o que dá o gás que o roteiro precisava para chegar ao clímax da história. Porém, quando esse clímax finalmente chega e vamos para a hora H enfrentar os inimigos, a execução novamente dá passos para trás. Seja ao desarmar uma bomba ou matar um dos antagonistas, COD MW2 tenta dar um passo sem olhar para o chão e acaba pisando numa mina.

Além do problema prático em realizar essas missões de maneira mais orgânica, fluída, e mais palatável, como o reboot de 2019 conseguiu, MW2 traz raros momentos empáticos com nossos personagens. Capitão Price, muito bem aproveitado em Modern Warfare, não tem um pingo do carisma que sempre teve em todos os jogos em que apareceu. Isso seria justificado se Soap e Ghost fossem elevados ao patamar de um protagonismo maior – o que eu creio ser a intenção dos desenvolvedores – mas essa construção só chama atenção do jogador na metade da campanha.

Vale notar que todo o ar mais sério, visceral, e impactante criado pelo reboot de 2019 praticamente inexiste nesse novo título. Em uma das primeiras missão de Modern Warfare o time de soldados precisava sacrificar um civil com bombas presas ao seu corpo para que a explosão não atingisse os demais reféns. Essa atmosfera realista é vista em pouquíssimos momentos, e quando se faz presente, é muito mais superficial.

No entanto, é preciso notar aspectos claramente positivos para esse game. A qualidade gráfica, como nos foi prometido, é absolutamente bem feita, recriando cenários urbanos e rurais com muita precisão. O design de som e a jogabilidade também precisam ser elogiados, mas faltou polimento na hora de desenvolver o título para os PCs. Embora o game não esteja tão pesado, inúmeros crashes vem infernizando a vida dos jogadores da plataforma, inclusive deste que vos escreve, e que perdeu um valioso tempo ao instalar e desinstalar o jogo da Steam, mudar configurações repetidas vezes, e nada funcionar.

Veredito

Call of Duty: Modern Warfare 2 não é um jogo ruim, longe disso, mas também está longe de ser um reboot à altura do MW2 original quando falamos do memorável modo campanha. As decisões de execução são colocadas em xeque, mesmo que as intenções fossem boas, e o resultado final é um jogo que tem seus bons momentos, mas que só chega nesse ápice muito tarde, e quando chega, volta a tomar decisões equivocadas. No fim, é um jogo divertido para se distrair, mas que daqui a 10 anos não será lembrado por ter uma boa campanha.

 

Fundador da Torre de Controle. Sou apenas um jogador tentando sobreviver em um jogo sem pause, vida extra ou checkpoint.

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