Não é novidade para ninguém que uma das maiores comédias adolescentes dos anos 2000 é o clássico “Meninas Malvadas“. Com um humor bem ácido, ótimas cenas de comédia e personagens que são lembrados e aclamados até hoje, não demoraria muito para que um remake do filme fosse feito. Sendo assim, 20 anos se passaram e acredito que ninguém esperava que quando viesse, fosse ser em formato musical.
Baseado no musical, que por sua vez foi baseado no filme de 2004, Meninas Malvadas (2024) é uma ótima adaptação que mantém o sabor do original, usa as músicas do musical para se diferenciar e, no final, se completa como uma nova obra pronta para cativar a nova geração e agradar os fãs mais velhos. Mas o que realmente faz com que esse filme aconteça é seu elenco brilhante, que dá uma nova roupagem para cada personagem antigo.
Da esquerda para a direita: Bebe Wood, Avantika Vandanapu, Reneé Rapp e Angourie Rice.
O barro aconteceu!
Algo interessante dessa versão é que ela não tenta ser diferente da primeira. A história, personagens e ritmo você já conhece. Mas o que diferencia o novo filme do antigo, além das músicas, é sua personalidade única. O longa usa a mesma fórmula que super deu certo e atualiza para os tempos atuais. Utiliza elementos como celular na tela e discussões que estão em alta para brincar com um humor ácido muito bem colocado, além de usar e abusar das músicas para provocar e tirar risadas.
Tina Fey, também responsável pela adaptação da Broadway, mantém um direção que desde o seu inicio já cativa e conquista a publico. Ela mantém um ritmo um pouco mais acelerado, enxugando certas cenas e colocando elas nos momentos musicais dos filmes que inclusive não fazem feito. É interessante ver como ele realmente se entende como um musical e até mesmo brinca com isso quebrando a 4 parede em diversos momentos.
Gosto de dizer que até mesmo quem não é fã desse estilo de filme tem tudo para gostar dessa nova versão. Além das musicas serem bem chicletes e grudarem na cabeça, as cenas são bem cativantes prendendo a atenção do publico. A entrada da Regina George de Reneé Rapp é triunfal, inclusive ela é o grande destaque do filme, roubando toda atenção para si mesmo como uma boa abelha rainha. Musicas como “Revenge Party“, “World Burn” e “Someone Gets Hurt” mostram como levar os palcos para as telonas da melhor maneira possível.
Da esquerda para direita: Jaquel Spivey, Angourie Rice e Auli’i Cravalho
O nome dela é Regina George
Agora vamos ao maior acerto desse filme: seu elenco! Antes de falar dos grandes destaques do filme, queria falar todos estão muito bem em seus personagens. Principalmente Angourie Rice (Honor Society) como Cady, que se distancia um pouco da personagem feita por Lindsay Lohan e traz um novo ar, mais quente talvez, para a novata. Assim como Auli’i Cravalho (Moana) atualiza Janis para o presente, se destacando bastante sempre que em tela.
Porém existem aqui três pessoas que são o ponto alto do longa, Jaquel Spivey e Avantika Vandanapu (Spin), Damian e Karen retrospectivamente são de longe os personagens mais engraçados do filme. Chega a ser impossível não soltar ao menos uma risada quando um dos dois está em tela, Jaquel tem um senso para comédia tão imediato que soa muito natural as coisas que saem de sua boca. Assim como Jaquel simplesmente transmite a ingenuidade (e burrice) de Karen apenas com um olhar.
Ambos os personagens tem o seus momentos de elogio, como a Karen durante a cena de “Sexy” ou o Damian a cada segundo em que rouba a cena, mesmo que com pequenos gestos. Mas o brilho é da Patricinha Mor interpretada por Reneé Rapp (A Vida Sexual das Universitárias), que interpretou Regina na Broadway entre 2019 e 2020, é magnética! É impossível não tirar os olhos dela enquanto ela é o foco.
Bem mais poderosa e com um olhar bem mais venenoso, a Regina de Rapp é perigosa desde o primeiro momento, sua entrada triunfal em “Meet the plastics” é digna de rainha do rock, até porque “ela é fod*“. Apenas seu olhar te faz ficar hipnotizado. Sentir ódio? Sim. Se apaixonar? Também! Reneé Rapp da uma nova identidade a personagem eternizada por Rachel McAdams.
Olhar venenoso de Reneé Rapp é magnético
Entra no carro
O filme não sofre exatamente com a presença das musicas, mas por ter uma duração menor do que a do musical – o que é minimamente entendível – algumas coisas se perdem no meio do caminho ou realmente só não chegam a nova versão do filme. Outro ponto a se elogiar é a direção de Tina Fey, presenta na primeira versão, na da brodway e nessa a atiz/diretora parece realmente ter entendido o que pode e não dar certo.
Ela faz mudanças necessárias e tira o que não faria falta. Fazendo com que toda coreografia musical seja muito bem executada e com a grandiosidade do elenco escolhido, tanto o roteiro e quanto as musicas do filme não se tornam algo maçante ou repetitivo, já que todos estão muito bem encaixados em seus papeis.
Meninas Malvadas não apenas resgata o sabor dos clássicos dos anos 2000, mas também traz uma nova roupagem em forma de musical, conquistando tanto os fãs nostálgicos quanto a nova geração. É uma ótima experiência cinematográfica que, mesmo com suas adaptações, não perde a essência que cativou o público há duas décadas. Prepare-se para rir bastante e sair do cinema com as musicas na cabeça.
Nota: 4/5