Cinema
Crítica | Avatar: O Caminho da Água – Uma experiência digna de cinema
Lançado em 2009 , Avatar, simplesmente impressionou a todos com um CGI de tirar o fôlego e mais do que isso, um bom uso do 3D. E mesmo tendo uma história mediana que apelou para tiradas fáceis e já conhecidas, o filme se tornou um dos projetos mais ambiciosos de James Cameron graças a seu visual. Hoje, 14 anos depois, Avatar: O Caminho da Água vêm para elevar tudo o que já vimos antes de uma maneira estupenda e, de certa forma, até mesmo inacreditável.
A premissa da continuação parte alguns anos depois que visitamos Pandora pela primeira vez. Jake Sully e Neytiri, agora lideres, vivem bem entre os Omaticayas junto com a sua nova família, mas quando um fantasma do passado volta a ameaçar as suas vidas, eles partem para uma terra bastante distante nos recifes de Pandora onde buscam refúgio enquanto essa antiga ameaça continua a caça-los.
Confesso que fui assistir o filme com o pé atrás. Imaginei que não teria muito o que mudar em relação ao primeiro pois, em termos técnicos, Avatar envelheceu muito bem. Mas James Cameron se reinventa e traz um espetáculo que te põe dentro de uma experiência audiovisual magnífica, que chega a beirar o bizarro o quão imersivo é assistir O Caminho Da Água diretamente das telonas e em 3D. Ele consegue utilizar muito bem o recurso sem deixar que o longa fique muito escuro e com uma profundidade que te faz esquecer por alguns minutos que você está vendo um filme feito totalmente em computação gráfica.
O diretor, que já é bastante conhecido por fazer Blockbusters, traz desde os seus minutos inicias um deslumbre visual que se aceita como um longa feito para vender. Ele consegue utilizar tudo do melhor que nos foi apresentado no original de 2009 e faz com que as toda a cultura que envolve Pandora fique ainda mais rica, mesmo que para isso ele escolha voltar para escolhas fáceis de roteiro num inicio eletrizante que brinca com uma preparação tecnológica absurdamente detalhada, com cenas de ação que servem como um aviso de tudo que ele está preparando paras as 3h e 12min que restam.
Diferente do primeiro onde o visual agrada bem mais que a história, a primeira hora de filme é tirada para mostrar Jake Sully (Sam Worthinton) e Neytiri (Zoe Saldana) junto a sua nova família: seus três filhos, uma filha adotiva gerada do DNA da Dra. Grace (Sigourney Weaver) e um humano nascido em Pandora que vive entre os Na’vis. Cameron deixa bem claro o porquê de toda a produção do filme ter sido feita com tanta cautela, apaixonado – e acostumado – a fazer produções que envolvam gravar em tanques gigantes de água, como Titanic, assim que chegamos nos recifes é quando todo o deleite visual proposto realmente vem a tona.
Saindo um pouco de toda ação inicial, o longa parte para um momento bem mais calmo onde usa todo o potencial de seu espetáculo visual aquático para fazer com que o publico venha a se importar com esses novos personagens. A vida submersa é detalhada com bastante atenção, desde os animais marinhos aos costumes dos Metkayina, chegando a parecer por certo momento um documentário da Net Geo sobre algum arquipélago perdido no tempo. E assim como no primeiro filme, ele traz a conscientização sobre algum assunto sério, onde no lugar de falar abertamente sobre colonização, o foco está na preservação de nossos mares de maneira bem explicita.
Mas infelizmente é ai aonde o filme começa a pecar, com mais de 3 horas desnecessárias de duração, o diretor utiliza muito desse tempo apenas para mostrar ao publico como conseguiu uma grande evolução em quesitos técnicos ao longos dos anos. Enquanto isso vai acontecendo, a história se vê presa num ritmo bastante lento, chegando a pesar os olhos. O filme se divide em mostrar os conflitos dos adolescentes em se encontrar num novo lar e o vilão do filme se preparando e – curiosamente – achando um caminho ridiculamente fácil para o tão esperado embate.
Ter montado esse filme já pensando em suas futuras continuações tem também as suas sérias consequências. O uso do vilão no filme é uma reciclagem até aceitável, mas ao tentarem humaniza-lo ao criar um personagem que se vê totalmente deslocado de todo o resto da narrativa, só deixa claro os problemas no roteiro para conseguir se segurar. Kiri, apesar de ser agradável, é mais uma que está ali apenas para resolver algumas questões, tendo em vista que tudo que envolve a sua existência é minimamente explicado, criando um gancho para os próximos.
Mas é a sua hora que final que faz valer toda a experiência de se assistir a esse filme numa sala de cinema, uma coisa que James Cameron sabe fazer é dirigir uma boa cena de ação que mescla tiros, explosões, humanos, humanoides gigantes e animais aquáticos e alados numa boa guerra. Se dividindo em alguns poucos arcos, ele faz jus ao seu nome e deixa o publico perplexo e vidrado a todo momento torcendo pelos heróis em meio a uma luta muito bem coreografada com visuais inacreditáveis de lindos. Todo o ato final é deslumbrante e não te faz desgrudar da cadeira por um segundo.
Como de fato, Avatar: O Caminho da Água, é definitivamente um filme feito para se assistir no cinema e em 3D! James Cameron pôs todo o seu ego a prova ao fazer um filme deslumbrante e que usa a sua tecnologia de forma bizarra para deixar o telespectador vidrado no seu visual milimetricamente bem pensado e detalhado a todo custo. De longe uma das melhores experiências no audiovisual que você pode ter, devido as particularidades que o cercam.
Com alguns novos personagens interessantes e seus antigos protagonistas transformados quase que em personagens secundários, o filme infelizmente falha ao querer fazer de suas mais de 3 horas de duração apenas só mais um deleite a parte para mostrar a grande evolução técnica. Onde por mais que dê certa atenção para a história, torna tudo muito genérico pensando em seu futuro.
Nota: 4/5