Existem séries que marcam uma era, existem outras que entretem por um tempo, algumas outras são esquecidas até por quem acompanhou fielmente enquanto ela estava passando. Acho que dentre as três opções acima, eu colocaria Gilmore Girls, ou Tal mãe tal filha, quando passava no SBT, na segunda categoria. As aventuras de Lorelai e de sua filha Rory possuem diversas boas temporadas e conflitos, mas, pelo menos pra mim, não soube se segurar até o final.
Tal mãe tal filha
Nossa aventura se passa na fictícia cidade de Stars Hollow, e, de acordo com a série, fica apenas 30 minutos de distância de Hartford. O local nada mais é o estereótipo que, pelo menos eu como brasileiro, posso imaginar que seja uma cidade pequena no interior dos Estados Unidos. Todo mundo conhece todo mundo, todo mundo cuida da vida de todo mundo, todo mundo fofoca sobre a vida do outro, é uma verdadeira festa.
E no meio disso tudo encontramos nossas heroínas, Lorelai e Rory GIlmore. Elas acabaram indo parar em Stars Hollow depois que Lorelai, a mãe, engravidou aos 16 e fugiu dos pais que queriam que ela se casasse. Para se manter, ela pede emprego no Independence Inn e passa a trabalhar como camareira e morar em um pequeno depósito na propriedade.
Muitos anos se passam e Rory já está no ensino médio, pensando em entrar na faculdade. Sua mãe decide então inscrevê-la em uma escola de ponta, Chilton, mas não tem dinheiro para bancar os estudos da filha, o que a obriga a pedir ajuda aos seus pais, dando início às desventuras da dupla.
Stars Hollow – a cidade das estrelas
Como toda cidade pequena, Stars Hollow tem as suas figurinhas carimbadas. Sookie St. James é uma cozinheira de mão cheia e melhor amiga de Lorelai. Taylor Doose é o representante da cidade e é dono de diversos comércios, isso enquanto ele tenta fazer com todos abracem as tradições dos fundadores da cidade. Luke Danes é o dono da lanchonete da cidade, ele parece odiar tudo e todos, mas sempre ajuda quem precisa dele. Kirk Gleason é o faz tudo da cidade e também o alívio cômico em diversas cenas.
Há uma infinidade de outros personagens importantes e marcantes, mas são os citados acima quem roubam a cena, de certa maneira. Muitos deles são divertidos e proporcionam bons momentos, enquanto outros, como Taylor, nos deixam revoltados, ele é um político, afinal, faz tudo do jeito que ele quer.
A química entre os personagens é palpável e caminha muito bem. Claro que algumas coisas são meio forçadas, como quando Rory se apaixonou por Jess Mariano – sobrinho de Luke e interpretado por Milo Ventimiglia – enquanto estava em um relacionamento com Dean Forester – interpretado por Jared Padalecki. Ou então as várias vezes que Taylor forçou a barra com alguma idiotice e ficou batendo na mesma tecla por muito tempo, como instalar um semáforo em uma rua que passam poucos carros.
No geral, a cidade parece ser um lugar onde eu gostaria de morar, apesar do seu tamanho diminuto e das poucas opções de entretenimento. O que facilita também é que ela parece ser próxima de diversas outras cidades, como Nova Iorque e a já citada Hartford.
As Gilmore Girls
Um dos pontos altos da série é ver a evolução do relacionamento das meninas com os pais de Lorelai. Esses momentos sempre rendiam excelentes cenas, já que mostravam, muitas das vezes, o quanto as pessoas da “elite” estão descoladas da realidade, com seus jantares caros e festas.
Outro ponto bacana é a forma orgânica com que é criado o relacionamento de Lorelai com Luke. É palpável que há uma certa tensão entre os dois, mas a coisa nunca vai adiante. Contudo, quando tudo começa a dar certo, ambos realizam diversas escolhas incorretas, o que faz com que cada um deles seguisse o seu próprio caminho. Enquanto isso acontece, vemos Rory sofrer na nova escola, se apaixonar por Dean, trocá-lo por Jess e depois ir para a faculdade.
Estou evitando ao máximo entrar em mais detalhes para não estragar as possíveis surpresas de quem ainda não conseguiu assistir a série, eu a recomendo bastante, mas eu deixo um aviso.
Até a sexta temporada, tudo se desenrola da maneira mais natural possível. Porém, na sétima e última temporada, as personagens tomam diversas escolhas que, pelo menos pra mim, são extremamente equivocadas e nada tem a ver com o cerne delas até então. Muito disso pode ter acontecido devido a troca de showrunner, já que Amy Palladino deixou a série e Michael Ausiello assumiu o posto. E apesar da coisa toda se acertar mais perto do fim, ainda assim eu fiquei com um gostinho amargo ao assistir ao último episódio.
Para lá e de volta outra vez
A série chegou ao fim em 2007, um ano após Ausiello assumir o controle. Os fãs queriam muito saber o que havia acontecido com as Gilmore Girls, e a Netflix ouviu esse apelo e bancou uma nova temporada de quatro episódios, batizada de Gilmore Girls: A Year in the Life. Cada um deles nos apresenta o destino dos principais personagens e o que eles estão fazendo naquele momento.
Porém, apesar de serem episódios muito bem feitos, não possuem mais o mesmo charme da série principal. Lorelai parece extremamente forçada e algumas atitudes dela são, no mínimo, questionáveis. Rory, que estava com tudo encaminhado, agora está perdida e cometendo diversos erros que nada parecem a personagem que eu gostava. Ela se parece mais uma cópia mal feita de sua mãe.
O final dessa minissérie joga uma bomba na cabeça dos fãs, e como não há notícias de que mais uma temporada esteja planejada, só nos resta ficar com diversas perguntas que podem ou não receber respostas, vai saber.
Gilmore Girls é uma ótima série no todo. Apesar dos tropeções próximos do final do show, ainda assim eu recomendo e digo que vocês não vão se arrepender. Lorelai e Rory são excelentes personagens e algumas piadas vão te fazer gargalhar, principalmente quando elas estão irritando o Luke. A série está disponível no Netflix.
Um treinador de Pokémon aposentado que quer se tornar profissional de futebol de botão. Ama joguinhos mais que tudo e prefere debater ideias e teorias sobre eles do que necessariamente jogar. Power metal é água, ou seja, a fonte de vida.