Eu adoro todo tipo de produção que envolve a temática horror e terror. Sejam eles os clássicos “slasher movies” ou então algo mais sério e dramático, como é o caso de filmes mais recentes, que deixam o jump scare um pouco de lado e trabalham mais o psicológico, tanto dos personagens quanto do espectador. Em nenhum dos casos eu vejo problemas e consigo apreciar ambos, desde que sejam bem feitos e saibam por onde andam.
A questão é que geralmente os filmes do subgênero Slasher são feitos para você ver o assassino matando geral e pronto, abraçando a total falta de senso e você ficar com ódio da burrice alheia. Se essa for a proposta do filme e ele cumprir isso, está tudo certo. O grande problema é quando ele tenta abraçar algo mais sério e só passa vergonha, seja com diálogos ruins, excesso de jump scares e outros fatores que só servem para estragar a experiência.
No caso de ‘Rua do Medo 1994‘ — o primeiro filme de uma trilogia —, nós temos um pouquinho de cada uma dessas coisas. Felizmente a mistura de um slasher movie com algo um pouco mais sério funciona e faz com que você fique interessado naquele universo. O começo do filme tem uma cena que remete exatamente ao filme Pânico (Scream, no original), mas o cenário se parece muito com o shopping da terceira temporada de Stranger Things. Fora que a atriz desse começo é a Maya Hawke, a mesma que interpretou Robin nesta mesma temporada.
Seja Bem vindo a Shadyside
A história do filme se passa em Shadyside — uma cidade nos Estados Unidos — e no começo do filme vemos um fechamento de shopping normal até que um assassino sai matando geral. É aí que você, pessoa que tem mais de 20 anos, vai se lembrar de todos os filmes de terror dos anos 90, principalmente de Pânico. Depois dessa introdução somos jogados aos verdadeiros protagonistas da história.
Nessa história temos os irmãos Deena (Kiana Madeira) e Josh (Benjamim Flores Jr.), os amigos Simon (Fred Hechinger) e Kate (Julia Rehwald) e também temos Sam (Olivia Welch). Eu não vou dar spoilers sobre o que acontece com cada um deles, mas o que posso dizer é que Sam é extremamente importante para a trama e assim como qualquer slasher movie, não se apegue a ninguém.
Embora cada personagem seja muito diferente um do outro, uma coisa os conecta: o assassinato de Heather (Maya Hawke) no começo do filme. Por estudarem todos na mesma escola, essa história faz com que eles se juntem de alguma forma e descubram que esses assassinatos são algo cíclico e muito mais sobrenatural do que se pode imaginar.
O que é bom
O elenco é um dos pontos que eu mais gostei no filme todo. Apesar de conhecer apenas alguns rostos, eu adorei a escolha do elenco. Os personagens são bons e combinam com os atores e você provavelmente vai dar muita risada — ou não — com Simon, esse que só conheci o rosto graças ao filme ‘A Mulher na Janela‘, outro filme da Netflix.
O clima desse grupo que lembra muito Stranger Things e também as crianças de It – A Coisa é outro ponto muito positivo do filme. A interação entre eles é boa e são incluídas algumas subtramas para cada um deles que funcionam muito bem para você passar a se importar com cada um deles. Por se passar nos anos 90, é interessante como o filme aborda a sexualidade de Deena e Sam, além de mostrar alguns outros problemas sociais na questão de Simon e Kate.
Mesmo os personagens tendo vínculos e sendo no seu núcleo um slasher movie, em nenhum momento temos um apelo sexual com cenas desnecessárias com isso. Há uma única cena onde tem uma construção pra isso e você ainda acaba dando risada. O que nos leva ao último ponto.
O filme consegue ter um tom bizarramente divertido. Me peguei várias vezes dando risada com diversas situações e alguns diálogos. No fim das contas o filme nem é tão assustador assim, o que não é um demérito, mas ainda assim temos muitos jump scares. Nada que você vá ficar traumatizado, mas se pegar de forma desprevenida talvez te atinja.
O que é ruim
Apesar de eu ter gostado muito do filme, ele conta com algumas coisas um pouco chatas. Uma delas envolve algumas subtramas que teoricamente servem para te instigar e deixar empolgado para as continuações, mas ficam tão abertas na história que parecem apenas que foram mal feitas mesmo.
Uma delas envolve o delegado Nick Goode (Ashley Zuckerman), que conforme a história vai se desenvolvendo menos você se importa com ele e só se pergunta “por que esse cara tá ai?”. Felizmente, pelo menos pra mim essa foi a única coisa que não gostei no filme.
Por outro lado, por se tratar de uma trilogia que possivelmente — e eu espero que sim — está muito bem interligada como uma série, muitas dessas coisas que parecem jogadas ao vento serão respondidas nas continuações 1978 e 1666.
Mas aí, vale a pena?
O filme apesar de se enquadrar no gênero terror, consegue ter vários momentos de altas risadas e até mesmo alguns mais sérios. A questão de ficar com medo vai depender muito do seu nível de sensibilidade para com essas coisas. É um ótimo filme para o que se propõe: assistir em uma sexta-feira e de preferência com companhia, não necessariamente para não ficar com medo, mas porque a experiência fica mais interessante.
Como já citei, ‘Rua do Medo 1994‘ é o primeiro filme de uma trilogia. Ele foi lançado no dia 2 de julho através da Netflix e conta com a direção de Leigh Janiak, que pasmem, é esposa de Ross Duffer, um dos criadores de Stranger Things. As continuações ‘Rua do Medo 1978′ e ‘Rua do Medo 1666‘ estream na plataforma de streaming dia 9 e 16 de julho, respectivamente.
Fique ligado aqui na Torre de Controle pois teremos conteúdo sobre as continuações e se elas fazem jus a mitologia criada no primeiro filme – que pode ser assistido através da Netflix. E sejam bem vindos a Shadyside…