Especiais - Séries
3 ótimas minisséries para o final de semana
This is Going to Hurt / HBO Max
This is Going to Hurt é uma adaptação da obra homônima de Adam McKay. A trama acompanha a história de Adam e Shruti, e a verdade incontida da vida de dois médicos quem trabalham em obstetrícia e ginecologia.
Por mais cômica que This is Going to Hurt seja, a produção traz um olhar cruel, real e visceral sobre o NHS (o SUS deles lá) e como é trabalhar com essas especialidades que exploram os efeitos emocionais de quem trabalha em condições precárias em um sistema quebrado e de má qualidade.
A produção é baseada nas memórias do próprio Adam Kay, que é interpretado brilhantemente por um dos melhores atores da minha geração, Ben Whishaw, uma sagacidade e sinceridade que pontuam a cada minuto de tela. Gigante em tudo que se propõe a fazer. E o que falar de Ambika Mod? Estreante na indústria, rosto novo nas telinhas e que com maestria conseguiu segurar uma personagem repleta de camadas que cresce a cada episódio. É um nome pra ficar de olho e quem sabe torcer em futuras premiações.
This is Going to Hurt é uma obra que ecoa e que nos faz repensar sobre o que de fato queremos e se vale realmente a pena abdicarmos de momentos, pessoas e histórias por aquilo que muitas vezes nos esgota fisicamente e emocionalmente.
Gosto muito de escrever e indicar boas séries de TV, e aqui temos uma história convincente, real, brilhantemente ritmada, escrita e atuada. E com um enorme poder em lhe fazer rir alto e chorar copiosamente.
Station Eleven / HBO Max
Station Eleven acompanha um mundo onde uma epidemia devastadora de gripe suína extingue grande parte da humanidade. Duas décadas depois, os sobreviventes desse apocalipse fazem o possível para tentar reconstruir e reimaginar uma vida em sociedade novamente, procurando manter o melhor do que foi perdido.
É necessário dizer que Station Eleven não é uma produção para todos, já que a mesma possui alguns recursos narrativos que incomodam pra quem busca uma história mais dinâmica, ainda mais se tratando de um tema já batido na TV.
O que difere Station Eleven das outras produções que usam o mesmo tema, é a forma como ela é contada e construída. A produção incomoda pelas similaridades com o mundo real, abraça o alvoroço, o alcance e a complexidade da vida de como as pessoas reais a vivem e se comportam.
Station Eleven é uma produção que usa o amor, o luto, o perdão, o reencontro, e a comunidade para transformar em arte, sendo mais específico, em poesia. A série busca nos dizer sobre como nós somos responsáveis por coisas que nem sabemos que somos. Como um simples objeto ou uma decisão pode ecoar na vida de tantas pessoas, ainda que não estejamos mais aqui.
Pra ela não existe um ANTES, existe apenas o AGORA. Porque até mesmo o antes, ele se transforma justamente pra fazer do presente um eco no passado, que sempre aponta para um futuro. É meio complexo, né? Mas é como a série nos dita: Nós viajamos por um motivo: pra voltar!
Station Eleven é uma produção que não aparece todo ano na TV, acredite. E que possui uma sensibilidade pouco visto, na qual consegue transmitir isso ao telespectador. Isso é único. Isso é TV em seu estado mais puro. Em pelo menos 18 anos acompanhando séries, somente uma abalou totalmente as minhas estruturas; Rectify. Station Eleven chega para ser mais uma. Outra obra prima que irá ecoar por anos.
Normal People / Star+
Sei que num primeiro momento a premissa não é tão interessante assim, e que passa a sensação de você já ter visto isso em diversas produções, ainda mais em uma época repleta de serviços de streaming, mas Normal People é diferente, e o que a torna diferente? A sua linguagem e sua história intimista sobre não se sentir pertencente, de não se achar merecedor do amor alheio, de não conseguir expressar tudo aquilo que você sente e pensa.
É sobre amor, frustrações, sobre os contrastes sociais do dia a dia, sonhos, expectativas. E o quanto a falta de diálogo dentro de uma relação pode ser desastrosa. Costumo dizer que as principais bases para todo relacionamento, é diálogo e sinceridade e caso você tenha isso, você terá um relacionamento duradouro e saudável.
Normal People é intensa, é viciante (perfeita para maratonar) e extremamente envolvente, que acerta da atuação ao roteiro, e se virmos um drama melhor – certamente sobre a adolescência, que leva a sério sem tratá-lo com indulgência, ficarei muito surpreso. É uma coisa linda, imensamente bonita!
