Crítica | Super Mario Bros. O Filme – Divertido e rápido como uma boa corrida de Kart

A melhor definição que eu consigo dar da sensação de assistir Super Mario Bros. O Filme é você se imaginar jogando o bom e velho Super Mario World, do Super Nintendo, com seus 5 anos de idade. Você vai passar batido pela história, mas ao mesmo tempo vai ficar com um longo sorriso no rosto se divertindo enquanto joga. É um filme totalmente acelerado, que corre entre as referências do mundo do encanador bigodudo, mas que no fim das contas cumpre a promessa de te deixar feliz.

ATENÇÃO: o texto abaixo não possui spoilers, mas cita de forma superficial alguns acontecimentos do filme. Leia por sua conta e risco!

Uma nova fase

Lançado pela Nintendo em parceria com a Universal Pictures e a Illumination, o longa segue Mario (Raphael Rossatto*) e Luigi (Manolo Rey*), dois irmãos encanadores que sem querer vão parar no Mundo dos Cogumelos, que está sob ameaça do terrível Bowser (Márcio Dondi*). Agora ao lado da Princesa Peach (Carina Eiras*) e do – seu melhor amigo – Toad (Eduardo Drummond*), Mario parte na missão de salvar o seu Irmão e o Reino dos Cogumelos do poderoso Rei dos Koopas.

*Todos os dubladores citados são os da versão brasileira, para exaltar essa dublagem feita com maestria por todos eles.

Os diretores Aaron Horvath e Michael Jelenic tinham a missão fazer dessa uma ótima adaptação dos irmãos encanadores e por um lado eles até conseguem fazer com que Mario o Filme seja um filme absurdamente divertido. Ele consegue te encantar desde o início, se mostrando uma aventura calorosa que faz você se sentir animado ao ouvir pela primeira vez as vozes de Mario e Luigi ou ao escutar os primeiros acordes da famosa música. E ainda se deslumbrar com a riqueza de detalhes que ronda a película, se tornando um espetáculo visual colorido que conta com diversas referências aos diversos jogos do Mario, recriando inclusive cenários já conhecidos pelo público.

Mas quando se trata da história… é onde o longa se perde. Para simplificar, é como se estivéssemos jogando um jogo no modo fácil, onde não existem desafios ou perigos para o herói e tudo vai acontecendo de forma muito rápida e descomplicada. Infelizmente isso é o basico da Illumination, responsável por Meu Malvado Favorito, Minions e Pets, que parece pedir para que seus filmes atuem entre cortes e mais cortes , como se fossem pequenas esquetes de humor. Mario perde a oportunidade de ao menos se aprofundar em alguma mitologia própria ou mesmo peca ao não dar uma oportunidade de interação entre o protagonista e o vilão antes do encontro oficial.

Caixa de Surpresas

Mas se tem algo que realmente funciona nesse filme é o carisma de todos os seus personagens. Aaron e Michael conseguem transmitir em tela todas as personalidades dos personagens desse universo do Mario com muita perfeição. Cada traço foi colocado com o maior carinho possível, é muito bom ver o Mario agindo como um herói que apenas vai para frente sem pensar nas consequências e Luigi como um medroso mais pé no chão. Até mesmo a Peach que deixa de ser uma princesa que precisa ser salva, para aquela que vai salvar as pessoas e, claro, não poderia faltar Toad, com toda a sua hiperatividade saltando a tela.

 E nesse meio todo temos Bowser, que se torna o meu personagem favorito de todo o filme. Ameaçador, maníaco e poderoso não são as únicas personalidades desse grande vilão, pois o que faz ele querer invadir o Reino dos Cogumelos e roubar uma estrela não deixa de ser um dos motivos mais patéticos já dados e é por isso que funciona tão bem, que acaba por se tornar o ponto alto do filme. Bowser se mostra em certos momentos um ser de coração mole capaz até mesmo de escrever baladas românticas para seu amor não correspondido.

 Enquanto viaja pelo Fanservice, o filme acaba arranjando um tempo para fazer uma brincadeira sobre a primeira aparição do Mario, em Jumpman. Donkey Kong, que exalta a personalidade garotão, se torna uma espécie de rival para o bigodudo como se fossem dois estudantes do ensino médio que não se bicam, mas não se separam. Abrindo ainda espaço para as rápidas aparições de Pauline, Diddy Kong e alguém muito especial para o Mario.

Adaptação

Dentro de 1h e 30min de duração realmente fica difícil por todas as ideias para fora e fazer isso funcionar em tela e, como já revelado acima, Mario, peca ao contar uma história coesa e detalhada. Sendo assim, eles apelam para os detalhes técnicos e fazem desse o ponto forte do filme! Se a Illumination já trabalhava com animações visualmente bonitas, seu trabalho aqui está ainda melhor, sendo impossível não notar nos mínimos detalhes. Vou ser sincero que cheguei a soltar lágrimas de felicidade no clímax…

E sinto que devo exaltar as referencias aos jogos como os Koopas, os Toads, os os blocos de poderes que inclusive funcionam muito bem no filme e até mesmo pequenas referências como Toad aventureiro ou a corrida de Karts que acaba por se tornar muito mais que apenas uma referência e no fim é uma cena bastante colorida e recheada de ação que da vida a uma das melhores fases dos games de Mario Kart.

Quando se trata de trilha sonora o filme acerta em cheio ao mixar temas dos jogos mais famosos do Mario com remixes orquestrais modernos, tudo graças escolha certeira de chamar Koji Kondo (responsável por criar a trilha dos jogos), mas talvez um dos melhores momentos seja a música composta por Jack Black originalmente para o longa e cantada pelo Bowser, sinto que ninguém estava esperando aquilo acontecer e foi uma grata surpresa.

No fim Super Mario Bros O Filme, é diversão garantida do inicio ao fim, com piadas que tiram bons risos e um visual deslumbrante que faz com que qualquer um fique fascinado com tudo que está vendo. Mas ao tentar achar atalhos para terminar mais cedo, a história fica tão sem profundidade que ao acabar uma sensação de “okay” é a única que permanece. Só que o mais estranho é que não vejo isso com todos maus olhos, pois eu facilmente veria esse filmes mais vezes.

Nota: 3,5/5